(POV Selene)
A lua voltou.
Sempre ela.
Fechei os olhos e já não havia escuridão.
Havia sangue.
Vermelho escorrendo do céu como chuva pesada, manchando a terra, tingindo minhas mãos.
O selo queimava como nunca, pulsando em prata viva, rasgando minha pele de dentro para fora. Eu via as veias brilhando como rios, os ossos se iluminando como lâminas, e uma voz ecoando por todos os lados.
“Você não é só carne.”
“Você não é só desejo.”
“Você é a Lua.”
Tentei correr, mas não havia chão.
Tentei gritar, mas a voz morreu antes de sair.
A lua sangrava, enorme, descendo sobre mim até cobrir todo o céu. E quando me olhei no reflexo dela, não era mais eu. Era ouro nos olhos, prata nas veias, sombras se contorcendo ao redor do meu corpo.
— Não… — sussurrei, mas foi inútil.
As vozes riram.
“Não lute. O despertar já começou.”
Acordei arfando, coberta de suor frio, o coração martelando. O depósito ainda dormia em silêncio, mas não enganava ninguém.
Dorian, de guarda, olhos de fogo fixos em mim.
Caelan,