(POV Selene)
A Lua me chamava.
Não com palavras, mas com pulsações — lentas, insistentes, dolorosas.
Cada batida do selo era como o som de um tambor distante, marcando um ritmo que só eu parecia ouvir.
Tentei ignorar.
Tentei dormir.
Mas o corpo não obedecia.
O selo ardia, quente, vivo, e o ar da fenda parecia vibrar no mesmo compasso.
Levantei e saí da cabana.
O vento da montanha era cortante, mas não senti frio.
O calor vinha de dentro, como se o fogo que ardia em mim fosse o mesmo que alimentava a Lua no céu.
Ela estava enorme.
Cheia.
Brilhava como se o mundo inteiro fosse feito de prata líquida.
Mas havia algo errado — um halo avermelhado, uma sombra que a cercava como prenúncio de sangue.
Caminhei até o penhasco onde a pedra ritual se erguia.
Dali se via tudo — o vale, a fenda, as fogueiras morrendo devagar, e o silêncio da matilha dormindo.
Eu não deveria estar ali sozinha.
Mas a Lua não esperava permissão.
Toquei o selo com a ponta dos dedos.
Ele respondeu.
Um lampejo de luz per