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Capítulo 112 — Correntes no Sangue
(POV Elias Drave)

A chuva começou antes do amanhecer.

Fria, constante, o tipo de chuva que parece querer lavar pecados — mas só espalha o sangue.

Sentei-me na entrada da cabana, os cotovelos apoiados nos joelhos, observando as gotas baterem na terra endurecida.

O cheiro de ferrugem e fumaça ainda impregnava o ar.

O cheiro da guerra nunca vai embora.

Ele só muda de lugar.

Minhas mãos estavam sujas — e eu nem sabia mais se o sangue nelas era dos caçadores, dos lobos ou meu.

Talvez fosse de todos.

Desde a batalha, o selo não parava de pulsar.

Às vezes era só um calor incômodo no peito.

Outras, era dor. Dor real, ardente, viva.

Como se a marca tentasse me lembrar de algo que eu tentava esquecer.

Selene.

O nome dela ecoava na mente como maldição.

Cada vez que eu tentava afastar, o selo me puxava de volta.

Cada vez que eu lembrava o rosto dela coberto pela luz da Lua, o coração batia descompassado — não por vontade, mas por obediência.

Era isso que me matava: o corpo obedece
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