A Noite Que Não Dorme
(POV Selene)
O vento cheirava a sangue e ferro.
A fumaça ainda subia lenta, misturando-se ao cheiro de pedra queimada e carne.
A guerra tinha terminado, mas o chão continuava quente — como se a montanha ainda lembrasse o que aconteceu.
Caminhei entre os destroços em silêncio.
Cada passo ecoava pesado, afundando nas cinzas.
As tochas queimavam em tremores fracos, iluminando rostos que eu não queria ver.
Lobos que tombaram com os olhos abertos, caçadores empilhados em montes, o som distante dos sobreviventes sussurrando preces à Lua.
Ninguém comemorava.
Nem Dorian, nem Ronan, nem Caelan.
Até Elias, que costumava olhar pra tudo com a mesma frieza, parecia parte daquele luto.
A vitória tinha gosto de perda.
O selo no meu peito estava apagado.
Não doía, mas também não pulsava.
Parecia vazio — como se tivesse dado tudo que tinha e agora descansasse, exaurido.
Eu o toquei de leve e senti o eco de algo… distante.
Uma presença ainda lá, observando, silenciosa.
A Lua nunca