(POV Selene)
O silêncio depois do ataque era pior do que os golpes. A floresta parecia conter o fôlego, e eu também. O cheiro metálico de sangue ainda grudava no ar, misturado à terra molhada. Minhas mãos suavam e tremiam, e a cicatriz queimava no pulso como se risse da minha tentativa de fingir normalidade. Cada músculo doía, mas o que mais me incomodava era o vazio que vinha depois da adrenalina — aquele espaço onde o medo voltava a gritar mais alto que a coragem.
Lembrei de quando era criança e ficava apavorada só com o escuro do quarto. Aquilo parecia tão ridículo agora. Porque o escuro aqui não era ausência de luz. Era presença. Presença de algo que me via, me ouvia e que poderia me despedaçar se quisesse. O chão sob meus pés parecia vivo, como se pudesse engolir minhas pernas a qualquer momento.
Dorian foi o primeiro a quebrar o silêncio. A voz dele era baixa, mas carregada de urgência:
— Temos que sair daqui.
Olhei para ele, sem entender. — O quê? Agora?
Ele não desviou os