Maeve tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu pai, o Alfa que sempre a escondeu do mundo, decide que ela precisa de um guarda-costas: Trevor, o filho de seu inimigo. Ele é forçado a protegê-la até a morte, já que a vida de seu irmão depende disso. Como se isso não fosse o suficiente, eles se vem em uma teia de mentiras, tendo que fingir que são primos e viver com àqueles que fariam de tudo para matá-la. Em meio ao caos de sua nova vida, Maeve se vê presa à Trevor, o babaca arrogante que faz seu coração acelerar e seu corpo se acender. Uma história cheia de reviravoltas, ação e um romance de deixar qualquer um querendo mais.
Leer másMe endireitei no banco do carona pela décima vez, contendo um suspiro irritado. O carro era meu, mas é claro que Robert não me deixaria dirigir com ele dentro. Afinal, ele é o Alfa e eu sou… bem, eu sou Maeve.
Gosto de me descrever como Maeve, futura pediatra promissora. Mas nesse momento eu voltei a ser Maeve, filha do Alfa e seu maior problema. Tecnicamente sou sua filha, por mais que uma ligação de aniversário por ano e um depósito simbólico por mês não me façam aceitá-lo como pai. Não que ele precise de minha aceitação. Como Robert sempre me diz, ele precisa apenas da minha cooperação.
-Estamos chegando. Fique atrás de mim o tempo todo e coopere. - sua voz áspera surgiu pela primeira vez em três horas de viagem.
Eu apenas assenti, apoiando a cabeça na janela e ignorando-o. Por mais que ele fizesse meu sangue ferver, uma coisa que eu tinha aprendido da maneira mais difícil é que o único motivo para alguém desafiar um Alfa era para matar ou morrer. Não pretendia morrer tão cedo e, sendo uma loba dormente como meu querido pai fazia questão de me lembrar sempre, matar não era uma possibilidade.
E era por esse motivo que estávamos nessa situação. Como sua primogênita, eu sou o símbolo de sua força diante de seus inimigos. E o que diriam de um Alfa que tem uma filha que não se transforma? Seus aliados aproveitaram a primeira oportunidade para desafiá-lo e nós dois sabemos que ele perderia. Porque maior do que sua sede de poder, só a sua capacidade de iludir os outros, fingindo ser um Alfa invencível.
Robert estacionou em frente a uma boate e saiu do carro, sem ver se eu o seguia. Trinquei os dentes, tentando me manter calma. Se essa fosse como nas outras vezes, em algumas horas eu estaria voltando para casa e ele me deixaria em paz pelos próximos dois ou três anos. Eu era capaz de engolir um pouco da raiva.
Era fim de tarde e a boate ainda estava vazia, apenas alguns funcionários circulavam por ali, ajeitando cadeiras e limpando o balcão de bebidas. Robert atraiu a atenção de todos ao cruzar a pista de dança, ignorando os poucos que lhe lançavam olhares desgostosos. Ele seguiu para uma porta fechada nos fundos, claramente conhecendo o local.
-Ela precisava vir junto? - uma figura surgiu das sombras perto da porta.
-Ela tem que entender a gravidade da situação. - ele me olhou como se eu fosse uma criança mal-criada.
Cerrei os punhos, encarando a mulher que me olhava com ar superior. Seus cabelos pretos caíam em leves ondas nas costas e ela vestia o uniforme de garçonete, que não parecia se encaixar bem nela. Era bonita, devendo ter por volta de quarenta anos.
-“Ela” está aqui para ouvir vocês. - zombei.
Os dois me ignoraram, voltando para sua conversa como se eu não estivesse ali.
-Onde eles estão?
A mulher desviou o olhar em direção ao salão. Acompanhei o olhar dela, mas Robert me repreendeu com uma mão firme no ombro. Ele me manteve ali como se meus pés estivessem grudados no chão. O xinguei mentalmente por isso. Ele sabia que sua influência não funcionava em mim, mas eu não tinha a força de um lobisomem, então isso não era problema para ele.
-Isole a área. - comandou ele. - Não queremos atrair a atenção de ninguém.
A mulher assentiu e desapareceu nas sombras de onde surgiu. O Alfa se colocou à minha frente, puxando-me mais para as sombras. Se estivéssemos lidando com outros lobos a proteção da penumbra não serviria de nada, mas algo no ar mudou quando entramos ali e eu soube que a mulher devia ter criado uma barreira para nos esconder. Quando a pressão no ar se normalizou, ele me virou para observar a pista de dança.
Como nas outras viagens que fizemos, ele estaria ali para conquistar algo e me mostrar mais uma vez que tinha total controle sobre mim antes de me mandar de volta para minha vida pacífica. Eu nunca me importei de verdade, já que depois ele sumia. Mas algo nessa viagem parecia diferente.
-Observe nossos alvos de hoje, Maeve. - ele se abaixou um pouco, aumentando a pressão sob meu ombro. - Aqueles dois são filhos de meu maior inimigo. - eu pude sentir o sorriso em sua voz, enquanto olhava para os dois jovens limpando o chão. -E hoje eles vão me conhecer.
Aquelas palavras caíram em mim como um balde de água fria, me levando de volta para a primeira vez que ele as tinha dito para mim. Eu tinha recém completado dezesseis anos e minha transformação não tinha acontecido. Ele apareceu em meu aniversário, dizendo que já tinha passado da hora de conhecê-lo. A princípio não entendi o que ele queria dizer, mas então Robert quebrou minha perna, alegando que isso iria me obrigar a me transformar - o que obviamente não aconteceu.
Observei os jovens brincando um com o outro despreocupados, enquanto limpavam a pista. Eles tinham terminado a área mais afastada de nós e agora continuavam o trabalho, vindo lentamente em nossa direção. Não pude deixar de notar como a cena toda parecia uma piada de mal gosto, com o lobo à espreita, apenas esperando suas presas virem em direção à morte.
Meu coração apertou quando eles se aproximaram e pude vê-los com nitidez. O mais novo tinha cabelos castanhos despenteados, olhos verdes e braços definidos por horas de academia. Ele ria com leveza, não parecendo ter muito mais de vinte anos. O mais velho o olhava com diversão, os cabelos pretos caindo levemente na testa molhada. O queixo era forte e os olhos de um azul profundo diziam que ele deveria fazer sucesso com as mulheres.
-O que você vai fazer com eles? - sussurrei, um nó se formando em minha garganta.
Robert riu.
-Não vá dizer que gostou deles? - ele baixou o tom, sua voz ficando mais grave e dura. -Não vai gostar deles quando souber o que tenho reservado para vocês.
Meu coração parou por um instante com aquela simples palavra.
Vocês.
-Eu faço qualquer coisa, mas me leve para casa. -eu implorei, segurando as lágrimas antes que perdesse o que me restava de dignidade.
O rosto de Robert escureceu, os olhos brilhando amarelos. Soltei seu braço como se queimasse em brasa e me afastei, ficando no limite das sombras. Sua voz saiu densa de poder, a transformação já começando.
-Pode acreditar que eu vou te levar para casa. - ele rosnou. -E você vai me agradecer por isso.
Meu coração disparou e o tempo pareceu parar. Olhei de volta para os irmãos, ainda alheios a tudo. Por um segundo o homem mais velho olhou em nossa direção e eu podia jurar que nossos olhos se encontraram. Robert já se agachava ao meu lado, a transformação prestes a terminar.
Eles não tinham mais tempo.
Disparei para fora da barreira, gritando para que eles corressem. Confusos eles levaram um segundo para reagir, tentando entender o que eu dizia.
Mas eles não tinham um segundo.
Porque o Alfa estava pronto.
E eles iriam morrer.
MaeveEncarei os líderes presentes, a sala de reuniões tomada por tanta tensão que podia vê-la dançando no ar. Os três estavam ali - Gregor, Hateya e Ronnan - me fuzilando como se a culpa da guerra não ter dado certo fosse inteiramente minha. Trevor estava imóvel ao meu lado, mas eu senti o quanto ele estava no limite através do nosso laço.Eu, por outro lado, só queria acabar logo com aquilo e voltar o quanto antes para a minha vida normal, já tinha tido a minha dose de lobisomens e sua politicagem.-Senhores, os convoquei aqui assim que Maeve acordou, conforme pediram. -James começou, o olhar sério não combinando com ele. -Agora conto com a prudência de vocês durante as negociações.Gregor riu, batendo com o punho na mesa e liberando suas ondas Alfa. Os demais responderam fazendo o mesmo, apenas para não deixar seu território ser tomado com ele.-O loirinho aí mal assumiu a posição e acha que já pode nos dar ordens. - ele cuspiu no chão, limpando a boca de modo rude. -Robert e Lucie
MaeveA escuridão foi o que prevaleceu durante muito tempo. Relances de realidade iam e vinham, a dor sempre me fazendo recuar para a inconsciência. Durante esses curtos períodos em que minha mente não estava mergulhada no vazio, eu via Trevor ao meu lado, seus olhos inchados e olheiras profundas fazendo meu coração doer ainda mais do que o resto do corpo.Era de se imaginar que nesse vazio a solidão me acompanharia, mas na verdade, foi exatamente o oposto. Uma presença calorosa sempre esteve comigo, observando-me de perto. Quando achava que ia finalmente ceder e deixar a morte me levar, Trevor se fazia ainda mais forte dentro de mim, me segurando feito uma âncora, seus olhos azuis brilhando como dois faróis.Tudo em mim ardia quando estava nesse estado, a dor em minha barriga me deixando tonta e fazendo o ar sair de meus pulmões. Lembro vagamente de gritar, sentindo a vida se agarrar a mim debilmente enquanto eu reunia minhas forças para tentar me curar. Não sei ao certo quanto tempo
MaeveMeu mundo girou e eu senti tudo o que eu tinha comido voltar.-Onde eles estão? -perguntei, minha voz não mais do que um sussurro.-Em um parque a cinco minutos daqui. - Trevor trincou o maxilar, sem conseguir me olhar. -Eles devem ter posto um rastreador no meu carro durante a batalha. Não acredito que eu deixei isso passar.Envolvi seu rosto com as minhas mãos, obrigando-o a olhar para mim. Quando ele finalmente me encarou, seus olhos estavam tomados pela dor.-A culpa não é sua.Ele riu, amargurado.-Então de quem é?-Do Robert, Leona, Lucien… você pode escolher. - eu coloquei firmeza em minha voz. -Mas não é sua.Trevor me olhou com intensidade, antes de encostar a testa na minha e fechar os olhos, seus braços se fechando ao meu redor como correntes.-Você fica aqui que eu vou resolver isso.A indignação fervilhou em meu peito enquanto eu o encarava, irritada.-Como se eu fosse deixar você fazer isso sozinho. - ele começou a protestar, mas eu o calei. -O tempo está correndo,
MaeveTrevor me puxou para si, enquanto eu me contorcia de prazer, perdendo totalmente o controle do meu corpo. Arfei, tentando recuperar o ar, mas ele subiu para a minha boca, o leve gosto do meu sangue em seus lábios acendendo meus instintos.-Quero você, Maeve. -sua voz grave disse em meu ouvido. -Preciso de você.Enterrei as mãos em seus cabelos pretos, trazendo sua boca para mim, qualquer distância entre nós se tornando grande demais. Mas Trevor ainda não estava contente. Em um movimento rápido de sua mão, ele rasgou minha camiseta com as garras, deixando meus seios à mostra.Seus olhos famintos me olharam de cima a baixo, parando em meus olhos. Eles brilharam como os de seu lobo, seu corpo tremendo de excitação. Meu sexo latejou quando ele roçou a pélvis na minha, provocativamente. A necessidade cresceu em mim ao ver Trevor tirando a própria camiseta e revelando os músculos definidos ainda sujos de sangue.Me lancei contra ele, mas Trevor me prendeu contra a parede com uma das m
MaeveEncostei o carro, virando bruscamente para o acostamento e pulando para o banco traseiro. Natalie ainda estava em sua forma lupina, ocupando todo o espaço e obrigando a me espremer para conseguir colocar as mãos em seu torso. Assim que a toquei, minha energia a envolveu, trabalhando para curá-la.-Trevor, vai para o hospital. -disse, meu coração acelerado.Seus olhos encontraram os meus pelo retrovisor.-Assim que as batalhas acabarem virão atrás de nós, não é seguro.Trinquei os dentes, tentando me manter calma enquanto a vida de Natalie escorria pelas minhas mãos.-Tem uma bala de prata no tórax dela. Eu posso ajudar com os efeitos colaterais, mas não consigo tirá-la, precisa ser um humano.Trevor apertou o volante, os nós de seus dedos se tornando brancos.-Vão nos descobrir.-Trevor, ela vai morrer! -praticamente berrei, a frustração transbordando em mim.Ser médica e ter o poder de cura, mas não conseguir fazer nada enquanto minha amiga morria ao meu lado era extremamente f
MaeveSeus olhos me encararam, mas mal me enxergaram, parecendo passar direto por mim. Meu coração se apertou no peito, vendo Trevor me ignorar e partir em direção à Robert que ainda se levantava do outro lado da clareira. Ele o atacou com violência, cravando as presas em sua pata direita e o sacudindo com toda força.Imediatamente meu corpo quis ir até Robert, mas dessa vez me contive, incapaz de lutar contra Trevor. Tudo em mim queimou, fazendo eu cair no chão me contorcendo e arfando, os uivos de Robert me ensurdecendo.-Trevor… -chamei, tentando fazê-lo parar, sem obter nenhuma resposta.Eu respirei com dificuldade, minha visão ficando turva. As formas de Trevor e Robert lutando subitamente foram tapadas por outras duas que se aproximaram sorrateiramente de mim. Tentei me levantar, mas era como se meu corpo pesasse uma tonelada. As formas chegaram ainda mais perto, seus contornos se tornando visíveis e revelando Lucien e Ethan vindo para cima de mim.Então, tudo aconteceu ao mesmo
Último capítulo