Fazer os cálculos das despesas mensais era um hábito que Clara havia adquirido desde muito cedo. Visualizar o quanto entrava e o quanto saía era essencial para não extrapolar o orçamento da casa. Ela tinha acabado de voltar pra casa depois de deixar Antônio na escola e já estava justamente pensando em atualizar os cálculos. Refletia se precisaria mexer no dinheiro que vinha economizando, quando a campainha tocou. Era dona Maria, mãe da Tati.
— Oi, dona Maria!
— Clarinha, você tirou a sorte grande, menina. Você ganhou um carro!
— Como é que é?
Clara não estava participando de nenhuma promoção. Aquilo a deixou confusa. Pensou que dona Maria estivesse brincando. Ela a chamou para ver. Foram descendo as escadas, enquanto explicava:
— Agora há pouco, antes de você chegar, apareceu um caminhão aqui na frente. Um rapaz perguntou por você. Perguntei se podia ajudar, e ele me explicou que você estava recebendo um carro. É um presente.
— Presente? De quem? Posso ver o documento?
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