4 ANOS DEPOIS
Clara estava prestes à explodir.
Precisava respirar. Precisava de silêncio.
Sentou-se à mesa da cozinha e tomou um gole d’água, tentando acalmar o turbilhão que pulsava nas têmporas. Por um instante, pensou em algo mais forte — um uísque, talvez —, mas suspirou e deixou pra depois.
Ninguém a ouvia. Falava, explicava, pedia, mas parecia conversar com as paredes. Estava exausta.
Viu Antônio passar pelo corredor com o cabelo desgrenhado. Aquilo foi a gota d’água.
Respirou fundo, com o olhar faiscando, e caminhou até o quarto.
Bateu na porta.
— Maurício, se você não sair agora, juro que vou surtar!
A porta se abriu e, ao vê-la, ele entendeu tudo sem que ela dissesse uma palavra. O rosto dela estava tenso, os ombros erguidos, os olhos pedindo socorro. Ele se aproximou e a envolveu num abraço firme, quente.
— Calma, vida… deixa que eu assumo daqui, tá? — murmurou contra o cabelo dela.
— Por favor… eles não me ouvem! — desabafou, com a voz trêmula.
Mauríci