A noite caiu como véu pesado sobre o Norte.
Não havia vento.
Nenhum animal se movia.
Até a neve parecia suspensa no ar, esperando algo.
Helena caminhava pelo corredor principal, segurando uma lamparina.
Kael vinha logo atrás, atento a cada sombra da parede.
— Ele ficou mais ousado depois da oferta — murmurou ela.
Kael assentiu com um único movimento, a cicatriz marcando o brilho da chama.
— Ele está tentando entrar em camadas diferentes — completou Helena. — Não só pela garganta, mas pelo pensamento.
Kael apertou o ombro dela em resposta.
Helena continuou, mas antes de chegar à sala grande, a runa queimou de forma tão intensa que ela parou no meio do corredor.
— Algo mudou — sussurrou.
Kael já tinha sentido também.
Foi até a janela estreita e olhou para o pátio.
O fogo da fogueira… estava mais alto.
Mais vivo.
Não por vento.
Por outra força.
Lyria sentiu primeiro.
A menina apareceu correndo, descalça, a concha tremendo entre as mãos.
— Mãe! — ofegou. — A água falou que hoje e