A madrugada caiu como lâmina.
Não havia vento.
Nem neve.
Nem barulho.
Aquela quietude não era paz — era o tipo de silêncio que antecede deslocamento de forças.
Helena estava na cozinha com Erynn, revisando a lista de vigílias, quando sentiu a runa pulsar pela segunda vez no mesmo dia.
— Alguma sombra? — perguntou Erynn, sem levantar o rosto.
— Não. — Helena franziu o cenho. — Isso é… diferente. Acordou de outro jeito. Como se chamasse alguém que não sou eu.
Antes que a anciã pudesse responder, Ronan entrou pela porta, agitado.
— Precisam vir ver isso. Agora.
Os dois o seguiram até o pátio.
Kael já estava lá — parado diante do portão, rígido como pedra, as mãos cerradas.
— O que houve? — Helena perguntou.
Ronan apontou para a muralha norte.
— Ele.
Helena franziu os olhos.
— O homem de vidro?
— Não. — Ronan negou. — Um dos nossos.
A silhueta de Brenno aparecia na torre de vigília.
Ele observava o horizonte com uma imobilidade que não era dele.
Helena sentiu o sangue gelar.
Lyria su