Melina sempre se sentiu deslocada em sua matilha. Enquanto seus amigos se transformavam em lobos aos 10 anos, ela permaneceu humana, isolada e decidida a escapar para uma vida normal fora dali. Aos 19 anos, escondida durante a intensa temporada da bruma, seu destino cruza com Eron, o alfa viúvo, que há anos jurou nunca mais amar. O encontro desperta um desejo avassalador em ambos, culminando em um vínculo inquebrável. Presos entre o amor proibido e as tradições da matilha, Eron e Melina precisam decidir se podem desafiar o destino. Será que o amor deles pode vencer as barreiras impostas ou as obrigações da matilha os separaram para sempre?
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Caminhei pelos corredores dessa mansão enorme.
Minhas mãos tremiam e suavam de nervosismo.
Meu corpo ainda estava coberto de feridas, principalmente as do abdômen, que quase tiraram minha vida.
Eu estava a caminho de ver meu salvador, o homem a quem devo estar viva hoje. Mas, acima de tudo, o único homem que pode me dar vingança e redenção.
Fui conduzida até uma sala enorme e, no final, quase como se estivesse num trono, o vi sentado, revisando alguns papéis sobre uma mesa gigantesca.
Só de estar na presença dele eu já me sentia intimidada. Ele é um Alfa puro. Mas eu... eu também não sou qualquer coisa, não mais. Então, busquei coragem dentro de mim e caminhei até o Alfa Walker.
— Disseram que você pediu uma audiência comigo, que era algo muito importante — ele disse com aquela voz profunda, sem nem levantar os olhos do que estava lendo.
— Eu tenho uma proposta pra te fazer — soltei depois de engolir em seco, e minha loba me dava forças, mesmo que a pressão do Alfa a mantivesse submissa.
— Que proposta você acha que pode me fazer que realmente me interesse? — ele finalmente levantou os olhos e me olhou com aqueles olhos azuis, frios e indiferentes, que pareciam congelar até a alma.
— O trono do Rei Alfa. É isso que eu posso te dar — respondi, e agora sim, eu tinha a atenção dele.
Por um segundo achei que ele fosse rir na minha cara, mas não. Ele apenas continuou me encarando, fazendo minhas pernas começarem a ceder.
Mas eu não vou mostrar fraqueza. Nunca mais.
— Isso é conversa grande pra uma lobinha escrava que quase morreu dias atrás. Você acha que eu tenho tempo pra perder com piadas? — a temperatura na sala começou a cair.
— Eu não tô brincando, Alfa Walker. Eu, Raven Centuria, sou descendente do Clã Centuria, Doma-Lobos de Fogo, e posso provar isso.
— Meu poder pode te levar até o trono que você tanto deseja.
Fez-se um silêncio na sala, e ele continuava me encarando, como se quisesse despir minha alma.
Mesmo com a vontade de baixar a cabeça, aguentei a intensidade e a dominação dele o máximo que pude.
Devolvi o olhar com toda a segurança que consegui mostrar, porque eu não estava mentindo.
— Digamos que eu acredite. Que você seja descendente de um Clã que eu só ouvi falar em lenda.
— Suponhamos que as provas me convençam e que você realmente me leve ao trono com seu poder... o que você quer em troca?
— Quero vingança. Quero proteção da sua matilha e poder, enquanto restauro o meu. Não quero mais ser pisada por ninguém — respondi sem hesitar nem por um segundo.
— Se você é descendente das Centurias, então já deveria ser poderosa. Mas, sinceramente, você mal consegue manter a própria vida. Isso me faz pensar de novo que está brincando comigo. E espero, por seu bem, que não seja o caso.
— Meu poder ainda não foi restaurado por completo. Ficou selado por muito tempo. Existem coisas que preciso fazer pra fortalecê-lo. Eu estaria muito vulnerável no início, como estou agora. E é por isso que preciso da sua ajuda — confessei, mordendo o lábio inferior, nervosa, porque o que vinha a seguir era a parte mais crítica.
Negociar com esse Alfa imponente não é pra quem tem problema no coração.
Vi ele olhar pra minha boca com aqueles olhos azuis frios e cortantes, e apertei ainda mais minhas mãos ao lado do corpo, rezando pra que ele não me expulsasse da matilha quando eu dissesse o que vinha a seguir.
— Então, pequena Raven... por que não para de rodeios e me diz logo o que realmente quer de mim? — a voz rouca dele ecoou, e por um segundo eu jurei que ele podia ler meus pensamentos.
— Eu... eu quero que me aceite como sua Luna — disse, e por um instante, percebi surpresa na expressão que sempre parecia congelada.
— Isso é impossível. Esse cargo é só da minha companheira destinada, quando eu encontrá-la — ele respondeu depois de alguns segundos.
— Eu não quero pra sempre. Seria só provisório. Eu preciso de algumas coisas... pra acelerar meu poder... coisas que só um Alfa poderoso pode me dar... — gaguejei um pouco, com o rosto queimando de vergonha. Eu devia estar vermelha como um tomate.
— Quando todos tivermos o que queremos, eu vou embora. Vou partir sem olhar pra trás. Nunca vou ser um peso na sua vida e renunciarei à posição de Luna falsa — prometi logo em seguida.
— Se sua companheira aparecer antes, eu também vou renunciar. Vou achar outro jeito de alcançar meus objetivos. Jamais vou ocupar um lugar à força, que sei que não me pertence.
— Seria apenas um acordo entre nós dois. Uma farsa. Nada mais que isso. Sem sentimentos envolvidos.
— Ninguém precisa saber que estamos nos usando — continuei prometendo, cada vez mais nervosa, porque ele tinha se levantado e estava vindo na minha direção.
O corpo imponente dele, com quase dois metros de altura, praticamente me cobria inteira.
Os cabelos loiros platinados, na altura dos ombros, balançavam enquanto ele caminhava com passos firmes, me envolvendo completamente com sua presença, com aquele cheiro de floresta selvagem e tundra, que sempre dominava meus sentidos quando ele estava por perto.
Se não fosse porque já partiram meu coração em mil pedaços, e porque sei muito bem que esse Alfa não é pra mim, eu cairia sem pensar duas vezes nos encantos dele. Qualquer mulher cairia.
— Se tudo o que você me disse for verdade, se me provar que pode mesmo se tornar alguém tão poderosa, então eu vou te tornar minha Luna e te dar o poder e a vingança que você quer agora — ele me prometeu, tão perto, que o hálito quente dele tocou meu rosto.
Tive coragem de levantar a cabeça e encará-lo diretamente. Poucos ousavam fazer isso.
Se existe um Alfa capaz de restaurar minha herança, é esse homem magnífico na minha frente.
— Ao ser sua Luna, tem que saber que seria em todos os sentidos, com todas as obrigações que isso traz.
— Eu vou cumprir as minhas com a sua matilha, mas preciso que cumpra as suas... na... na... intimidade — quase engasguei no final da proposta mais vergonhosa que já fiz na vida.
Se não fosse pelas malditas condições pra liberar e dominar meus poderes, nunca estaria pedindo isso a um homem.
Ainda mais depois da minha única e primeira experiência, que foi um desastre total nesse sentido.
— Acho que não vou ter nenhum problema com as minhas obrigações... na intimidade — ele respondeu num tom baixo, e senti o olhar dele percorrendo meu corpo, que se arrepiou — e não foi de medo.
Em vez de me irritar com a ousadia dele, senti um fogo começando a se acender dentro de mim.
— Então, Alfa Walker... se eu provar meu potencial... temos um acordo?
— Temos um acordo, Raven Centuria.
Perseu Quando cheguei na cabana dos meus pais com a noite me acompanhando não fiz barulho. Peguei uma conversa entre os meus pais e a Lua que parecia muito preocupada comigo. — Ele não deu notícias até agora, pode ter acontecido alguma coisa com ele… talvez precise de ajuda, da minha ajuda. — Minha nora, meu filho é um grande Alfa. Ouso dizer até melhor do que eu já fui, se ele não deu notícias ainda deve ter um motivo. — Escute seu sogro, mesmo sendo loba também senti esse medo que está sentindo quando quase me mataram enquanto eu estava grávida dos gêmeos. E olhe para mim, estou aqui firme e forte, com o meu filho não vai ser diferente. — Eu… — a voz da minha Luna falha, ela está chorando — Eu só queria ouvir a voz dele me dizendo que está bem. — Posso fazer mais do que isso. — falo aparecendo na porta. — Sabíamos que estava aí, mas preferimos
Alya Quando voltamos para casa me senti feliz com o resultado da batalha, ninguém se feriu, ninguém perdeu a vida e tudo foi resolvido pacificamente. Não consegui esconder o sorriso e a satisfação. — Minha Luna, está tão feliz. Suponho que eu tenha que me desculpar por pensar por um momento que você não seria capaz de lidar com o que aconteceu lá. Ficou calma, atenta e não se colocou em risco. — Eu nunca fiquei tão feliz depois de passar por algo tão estressante. Espero que algo semelhante não aconteça novamente, talvez não tenhamos a mesma sorte de dar tudo certo. — O que você quiser, amor, contanto que você continue com esse sorriso no rosto, faço o que você quiser. Zhaos me beija, me sinto em casa no abraço dele. Voltamos para nossa rotina na alcateia e eu tive que ir até a curandeira. Zhaos quer que eu me cuide somente com ela e eu peço a ajuda dela para fazê-lo entender que um ho
Halley Não tenho motivos para reclamar da vida. Tenho uma família que me ama, tenho um companheiro e logo terei um filhote se tudo der certo. Tenho também a minha loba, Lupan.Ela me aconselha bastante, quando era adolescente e não podia acompanhar os meus irmãos nas caçadas ou nas rondas ela conversava comigo até tarde todas as noites.Meus irmãos e eu sempre admiramos o relacionamento dos nossos pais mesmo sabendo como tudo começou. Eles não começaram se amando como se amam hoje, mas foi intenso.Minha mãe falava que depois da marca, da mordida, tudo para ela se expandiu em um grande entendimento sobre a razão dela ser a Luna do meu pai.Contou também como o conselho de anciões anterior tentou contra a vida dela e acabou com a família do meu pai matando meu avô. Por isso me sinto privilegiada, meu romance começou sem drama, armações e ataques.Jass, desde a primeira vez que me viu se apaixonou. El
Alya Meu irmão e eu temos o mesmo nível de teimosia, ele sabe bem que sou boa o suficiente para encarar o que está por vir. Sei também que sua maior preocupação é o sobrinho que está dentro de mim. Não vou ficar aqui como uma companheira obediente de Alfa com uma batalha como essa acontecendo lá fora tendo como alvo o meu irmão. Sei que muitos irão para cima dele, quero ser seu escudo, cuidar de quem vier pelas costas. Observo Perseu puxar Zhaos para o canto da sala, tento usar minha ótima audição apurada para ouvi-los, mas sou abordada pelas Alfas Sasha e Nayla. — Luna do Alfa Zhaos, como se chama? — Sasha pergunta com sua voz melodiosa e agradável. — Me chamo Alya, e quero agradecer por ajudar meu irmão e o meu Alfa! — Não sou de me envolver em questões familiares, mas… — Nayla dá uma pausa e olha para Sasha — Seu irmão está certo. Se está mesmo esperando um filh
Perseu Eu dei o melhor de mim nessa noite de amor com a Lua tudo para que ela esquecesse o que aconteceu naquele acampamento e as consequências envolvidas. Dormimos um pouco depois das seis da manhã, despertamos por volta das nove. Fiquei ansioso, ela estava com sua cabeça deitada no meu peito e eu não sabia o que esperar dela até que me olha com um sorriso no rosto iluminando minha manhã cinzenta. — Você é incrível, eu amo você, Lobão. — Eu te amo muito mais, minha pequena humana. Entre beijos e uma certa relutância minha levantamos da cama. Ainda precisamos passar no hotel para buscar a prima da minha Luna e levá-la para conhecer a sede da matilha. Já no hotel… — Bom dia, pessoas lindas. Perseu, que hotel é esse? Pedi o café da manhã e me serviram um banquete, acho que ganhei uns dois quilos. — ela fala passando a mão na barriga. — Suponho que na próxima peça refeição para uma
Perseu Zhaos me empurrou para dentro de uma pequena sala cheia de arquivos no momento em que eu estava me transformando para ir atrás do Pietro. Como ele ousou ameaçar a minha Luna daquele jeito descaradamente? Acabei destruindo tudo à minha volta, quando tudo se acalma em mim e volto para minha forma humana escuto a porta se abrir e uma calça foi lançada para mim. Me visto e saio. — Eu sinto muito… — falo olhando para Zhaos e depois para Alya — Tinha algum documento importante lá dentro? — pergunto envergonhado e Zhaos responde: — Vários! Mas tudo que estava lá dentro transferi para o computador em pastas organizadas há meses. Eu só gostava de guardar tudo o que estava lá dentro porque parte do que tinha lá me lembrava do meu pai. — Agora me sinto ainda pior, cunhado. — Perseu, temos algo mais urgente para tratar, não acha? — ele muda o rumo da conversa.
Último capítulo