Mundo ficciónIniciar sesión— “Você é minha, Melissa. Mesmo antes de nascer.” — “Então venha. Me reclame. Eu não fujo do que é meu.” Ele é o Alfa viúvo mais temido do norte, frio, recluso e cruel o bastante para matar por um olhar errado. Ela é a Luna escolhida pela Deusa, pura luz presa no corpo de uma loba jovem destinada a destravar a escuridão dele. Quando seus olhos se encontram, o vínculo desperta. A bruma acende. E o Alfa que jurou nunca mais amar enlouquece de desejo, ciúme e posse. Mas Melissa não é uma fêmea frágil. Ela nasce para enfrentar sombras, carregar uma profecia proibida e gerar os herdeiros que podem salvar ou arruinar todas as matilhas. Entre um Alfa capaz de massacrar o mundo por ela, um vilão disposto a roubá-la, e uma rival que prefere morrer a ver Kieran marcado, Melissa descobre que amor e perigo são a mesma coisa. Ele, é a escuridão que mata. Ela, a luz que o destrói. Juntos? São o fim e o recomeço de todos os lobos.
Leer másKieran
A neblina sempre chega antes do amanhecer. Desce pelas Montanhas de Aislen como uma manta pesada, silenciosa e fria, cobrindo tudo o que encontra. Pinheiros, rochas, trilhas antigas. E o território da minha alcateia.
A névoa não incomoda meus olhos. Sou parte dela. Vivo aqui há quarenta anos. Morro um pouco mais a cada amanhecer. É assim desde o dia em que perdi minha Luna.
Desço a trilha que leva ao cemitério sagrado. Os guerreiros que guardam o caminho abaixam a cabeça quando passo. Não falo com eles, e eles não falam comigo. Melhor assim. As pessoas sempre esperam humanidade de um Alfa… e eu não tenho nenhuma para dar.
O chão úmido amortece meus passos enquanto sigo até a última lápide. A dela. Helena. Minha primeira Luna. Minha única fraqueza.
Me ajoelho. Toco a pedra fria com a palma da mão. A neblina parece mais pesada aqui, como se o próprio ar soubesse que esse é um lugar morto.
— Dez anos… — sussurro, mesmo sabendo que ela não pode ouvir. — Dez anos e ainda não consigo respirar sem sentir a culpa.
Fenrir desperta dentro de mim, meu lobo, minha outra metade. A voz dele sempre foi mais feroz que a minha, mas hoje soa como advertência.
— “Você não foi o culpado.”
— Fui. — respondo, amargo, sem levantar a cabeça. — Eu falhei.
Fenrir rosna.
— “Você não controla tudo. Aqueles rogues atacaram pelas sombras. Nenhum Alfa veria.”
— Eu deveria ter visto.
E é isso. Sempre é isso. As mesmas conversas, o mesmo vazio, a mesma culpa que nunca enfraquece.
Passo os dedos sobre o nome de Helena. A última coisa que ela disse antes de morrer ainda ecoa dentro de mim:
— "Kieran… vive."
Mas eu não vivi. Só sobrevivi.
Fecho os olhos para sentir o cheiro da neblina. Meu lobo também fecha os olhos dentro de mim. Somos dois pedaços quebrados tentando se manter de pé.
O vento muda. O cheiro da floresta traz o aviso de movimento atrás de mim. Não preciso olhar.
— Fale. — digo, sem tirar a mão da lápide.
Meu Beta, Aron, hesita antes de se aproximar. Ele sempre hesita. Não o culpo por isso.
— Alfa… o Conselho chegou.
Quase rio. Não de humor. De irritação.
— Eles nunca se cansam.
— Estão insistindo… mais uma vez… na questão da Luna. — Aron respira fundo. — Eles dizem que a Bruma deste ano será a mais forte da década. A alcateia precisa… de equilíbrio.
Me levanto devagar. O frio do chão sobe pelas minhas pernas, mas eu não sinto nada além do peso de estar vivo.
Encaro Aron.
— Não tem Luna. E não terá.
Ele engole seco.
— Alfa… com todo o respeito… você sabe o que acontece quando a Bruma chega. Os ômegas entram no cio, os machos ficam instáveis, os recém-transformados perdem o controle. É preciso que o Alfa esteja… bem ancorado.
— Eu estou. — respondo.
Fenrir rosna dentro de mim.
— “Mentiroso.”
Aron continua:
— O Conselho vai pressionar. Eles até sugeriram que você escolhesse entre as candidatas…
— Basta. — corto, com a voz baixa, mas firme. — Eu não escolho ninguém.
Aron baixa a cabeça.
— Sim, Alfa.
Caminho de volta pela trilha, e Aron me acompanha em silêncio. A névoa nos envolve como paredes vivas. Isso não me tira o ar. O mundo sim.
Quando chegamos ao topo, a fortaleza de Aislen surge, torres de pedra escura, bandeiras com a marca da nossa alcateia, o lobo de olhos prateados, e paredes tão antigas quanto a montanha.
Os soldados se alinham quando passo. Alguns se afastam. Não gosto que cheguem perto demais. Eles sabem.
Atravesso o pátio e entro na sala de comando. O Conselho já está lá, quatro lobos antigos, cada um com sua expressão de reprovação enfeitando a cara enrugada.
O mais velho, Magnus, se adianta.
— Alfa Kieran. Precisamos falar sobre a Bruma.
— Vocês sempre precisam. — respondo, me sentando na cadeira central. — Poupe meu tempo.
Magnus pigarreia.
— A alcateia precisa de estabilidade. O cio coletivo está próximo. Os jovens já estão inquietos. É seu dever como Alfa considerar uma nova Luna.
Não digo nada.
Magnus continua:
— Helena está morta há dez anos. Você precisa assumir outra companheira. Por herdeiro. Por equilíbrio. Por sobrevivência.
Minha mandíbula trava. Fenrir estala as presas dentro de mim.
— “Eles falam da Helena como se ela fosse substituível. Eu posso morder alguns deles?”
Não. Não agora.
— Não terão uma Luna. — digo com calma perigosa. — Não enquanto eu respirar.
Eles ficam calados, olhando para mim, sem me encarar de fato.
Aron, atrás de mim, observa tudo. Ele sabe quando estou perto de perder o controle.
Magnus insiste:
— Alfa, não é uma sugestão. É uma ordem do Conselho.
Levanto o olhar devagar, e a sala inteira prende a respiração.
— A ordem de vocês… — digo, apoiando os antebraços na mesa — não vale mais do que a minha vontade.
Magnus endurece o rosto.
— O que pretende fazer quando a Bruma chegar? Matar quem perder o controle?
— Se for necessário. — respondo.
Alguns conselheiros estremecem.
Magnus suspira, derrotado, mas não satisfeito.
— Se insiste em recusar uma companheira, pelo menos considere um acordo temporário durante a Bruma. Uma loba forte, capaz de controlar…
— Saia da minha sala. — digo.
Ele abre a boca para retrucar, mas Aron aparece ao lado dele.
— Melhor não, Magnus. — diz meu Beta, firme.
O Conselho se retira. Eu fico. Aron fecha a porta e solta o ar.
— Você não facilita as coisas.
— Não estou aqui para facilitar nada. — respondo.
Ele encosta na parede, cruzando os braços.
— A alcateia tem medo de você, Kieran.
— Ótimo. Medo mantém as pessoas vivas.
— Medo também mantém as pessoas longe.
Olho para Aron. Ele me encara como quem enxerga pouco demais e ao mesmo tempo tudo.
— Você quer que eu finja que estou pronto para outra Luna? Que finja que posso dar o que tirei de Helena? Eu não posso, Aron.
Aron suspira, vencido.
— Só quero que você não deslize durante a Bruma. — ele diz. — A alcateia não aguenta mais perder gente.
Não respondo. Aron se retira. Eu fico.
A sala fica vazia, exceto pelo som da madeira estalando com o frio.
Me levanto e vou até a janela. Lá embaixo, vejo os jovens guerreiros treinando, as ômegas recolhendo mantas antes do frio chegar, e as crianças correndo com os lobinhos recém-criados. Uma vida inteira acontecendo sem mim.
Fenrir aparece na minha mente, mais inquieto do que antes.
— “A Bruma está perto. Eu sinto o cheiro.”
— Eu também. — respondo.
— “E sinto outra coisa…”
— O quê?
Ele fica em silêncio por alguns segundos. Nunca o vi hesitar.
— “Um chamado.”
— De quem?
— “Da Lua.”
Meu peito aperta.
— Não há ninguém lá para mim.
Fenrir rosna, irritado.
— “Você pode negar o que quiser, mas a Lua decidiu. E ela está chegando.”
Sinto um arrepio no fundo da espinha. Algo toca minha mente por um segundo, um sopro, um calor suave, como se alguém tivesse dito meu nome muito baixo.
— “Kieran…”
Fecho os olhos com força. Não reconheço a voz. Não é Helena. Não é ninguém que já ouvi.
Fenrir fica alerta.
— “Você sentiu isso?”
— Senti.
— “Ela está chegando.”
— Não quero ninguém. — digo, mais para mim do que para ele. — Não vou aceitar uma escolhida.
Fenrir responde com um grunhido quase divertido.
— “Tarde demais, Alfa. O destino não pediu sua permissão.”
A neblina aumenta lá fora, cobrindo tudo. E por um segundo… sinto que algo, ou alguém, atravessou a fronteira das
montanhas.
E o meu mundo nunca mais será o mesmo. Um chamado desconhecido ecoa novamente na minha mente. Mais forte desta vez. Mais quente. Mais vivo.
— “Ela está chegando.” — Fenrir repete. — “A nossa Luna.”
Perseu Quando cheguei na cabana dos meus pais com a noite me acompanhando não fiz barulho. Peguei uma conversa entre os meus pais e a Lua que parecia muito preocupada comigo. — Ele não deu notícias até agora, pode ter acontecido alguma coisa com ele… talvez precise de ajuda, da minha ajuda. — Minha nora, meu filho é um grande Alfa. Ouso dizer até melhor do que eu já fui, se ele não deu notícias ainda deve ter um motivo. — Escute seu sogro, mesmo sendo loba também senti esse medo que está sentindo quando quase me mataram enquanto eu estava grávida dos gêmeos. E olhe para mim, estou aqui firme e forte, com o meu filho não vai ser diferente. — Eu… — a voz da minha Luna falha, ela está chorando — Eu só queria ouvir a voz dele me dizendo que está bem. — Posso fazer mais do que isso. — falo aparecendo na porta. — Sabíamos que estava aí, mas preferimos
Alya Quando voltamos para casa me senti feliz com o resultado da batalha, ninguém se feriu, ninguém perdeu a vida e tudo foi resolvido pacificamente. Não consegui esconder o sorriso e a satisfação. — Minha Luna, está tão feliz. Suponho que eu tenha que me desculpar por pensar por um momento que você não seria capaz de lidar com o que aconteceu lá. Ficou calma, atenta e não se colocou em risco. — Eu nunca fiquei tão feliz depois de passar por algo tão estressante. Espero que algo semelhante não aconteça novamente, talvez não tenhamos a mesma sorte de dar tudo certo. — O que você quiser, amor, contanto que você continue com esse sorriso no rosto, faço o que você quiser. Zhaos me beija, me sinto em casa no abraço dele. Voltamos para nossa rotina na alcateia e eu tive que ir até a curandeira. Zhaos quer que eu me cuide somente com ela e eu peço a ajuda dela para fazê-lo entender que um ho
Halley Não tenho motivos para reclamar da vida. Tenho uma família que me ama, tenho um companheiro e logo terei um filhote se tudo der certo. Tenho também a minha loba, Lupan.Ela me aconselha bastante, quando era adolescente e não podia acompanhar os meus irmãos nas caçadas ou nas rondas ela conversava comigo até tarde todas as noites.Meus irmãos e eu sempre admiramos o relacionamento dos nossos pais mesmo sabendo como tudo começou. Eles não começaram se amando como se amam hoje, mas foi intenso.Minha mãe falava que depois da marca, da mordida, tudo para ela se expandiu em um grande entendimento sobre a razão dela ser a Luna do meu pai.Contou também como o conselho de anciões anterior tentou contra a vida dela e acabou com a família do meu pai matando meu avô. Por isso me sinto privilegiada, meu romance começou sem drama, armações e ataques.Jass, desde a primeira vez que me viu se apaixonou. El
Alya Meu irmão e eu temos o mesmo nível de teimosia, ele sabe bem que sou boa o suficiente para encarar o que está por vir. Sei também que sua maior preocupação é o sobrinho que está dentro de mim. Não vou ficar aqui como uma companheira obediente de Alfa com uma batalha como essa acontecendo lá fora tendo como alvo o meu irmão. Sei que muitos irão para cima dele, quero ser seu escudo, cuidar de quem vier pelas costas. Observo Perseu puxar Zhaos para o canto da sala, tento usar minha ótima audição apurada para ouvi-los, mas sou abordada pelas Alfas Sasha e Nayla. — Luna do Alfa Zhaos, como se chama? — Sasha pergunta com sua voz melodiosa e agradável. — Me chamo Alya, e quero agradecer por ajudar meu irmão e o meu Alfa! — Não sou de me envolver em questões familiares, mas… — Nayla dá uma pausa e olha para Sasha — Seu irmão está certo. Se está mesmo esperando um filh
Perseu Eu dei o melhor de mim nessa noite de amor com a Lua tudo para que ela esquecesse o que aconteceu naquele acampamento e as consequências envolvidas. Dormimos um pouco depois das seis da manhã, despertamos por volta das nove. Fiquei ansioso, ela estava com sua cabeça deitada no meu peito e eu não sabia o que esperar dela até que me olha com um sorriso no rosto iluminando minha manhã cinzenta. — Você é incrível, eu amo você, Lobão. — Eu te amo muito mais, minha pequena humana. Entre beijos e uma certa relutância minha levantamos da cama. Ainda precisamos passar no hotel para buscar a prima da minha Luna e levá-la para conhecer a sede da matilha. Já no hotel… — Bom dia, pessoas lindas. Perseu, que hotel é esse? Pedi o café da manhã e me serviram um banquete, acho que ganhei uns dois quilos. — ela fala passando a mão na barriga. — Suponho que na próxima peça refeição para uma
Perseu Zhaos me empurrou para dentro de uma pequena sala cheia de arquivos no momento em que eu estava me transformando para ir atrás do Pietro. Como ele ousou ameaçar a minha Luna daquele jeito descaradamente? Acabei destruindo tudo à minha volta, quando tudo se acalma em mim e volto para minha forma humana escuto a porta se abrir e uma calça foi lançada para mim. Me visto e saio. — Eu sinto muito… — falo olhando para Zhaos e depois para Alya — Tinha algum documento importante lá dentro? — pergunto envergonhado e Zhaos responde: — Vários! Mas tudo que estava lá dentro transferi para o computador em pastas organizadas há meses. Eu só gostava de guardar tudo o que estava lá dentro porque parte do que tinha lá me lembrava do meu pai. — Agora me sinto ainda pior, cunhado. — Perseu, temos algo mais urgente para tratar, não acha? — ele muda o rumo da conversa.
Último capítulo