Três dias se passaram desde o ritual.
Três dias em que o Norte pareceu conter o próprio coração.
A fenda dormia.
Mas o silêncio dela era suspeito — como o de um predador que espera.
Kael não dormia.
Quando fechava os olhos, via ouro.
O reflexo de Dravon o perseguia em cada sombra, em cada brilho da lâmina que polia, em cada olhar de Helena.
Erynn dizia que era o preço.
Ronan dizia que era possessão.
Mas Kael… sabia.
Era metade.
O eco se movia nele, como uma fera adormecida.
Às vezes, sentia o corpo responder a impulsos que não eram seus — um desejo de destruir, de falar, de gritar.
E, quando olhava o próprio reflexo no espelho de ferro, os olhos que o encaravam não eram só os seus.
Bonito corpo, Alfa, sussurrou a voz de Dravon dentro da mente.
Duro demais para o gelo, forte demais para a morte.
Kael cerrou os punhos.
O ar ao redor vibrou.
O fogo do aposento apagou, como se o ar tivesse sido sugado.
Quer lutar comigo?
Quero calar-te.
Então fala. Vamos ver se ainda sabes rugir.
Kael erg