O silêncio que veio depois não era paz.
Era o tipo de silêncio que respira.
Aquele que espera o próximo grito.
Helena abriu os olhos.
Tudo girava — pedra, vento, luz.
A última lembrança era o som da própria voz se partindo entre os ecos e o toque de Kael queimando em sua pele.
Agora, a sala das runas parecia um campo depois da tempestade.
As tochas apagadas fumegavam.
Erynn estava de joelhos, apoiada no cajado.
Ronan, pálido, limpava o sangue do rosto.
Helena tentou se levantar.
O corpo pesava como chumbo.
Quando olhou ao redor, viu Kael caído a poucos metros, imóvel.
O coração dela parou.
— Kael! — gritou, mas o som saiu fraco, quase inaudível.
Ela rastejou até ele, o selo em seu ombro ardendo em desespero.
O peito dele subia devagar — vivo.
Mas a luz na cicatriz havia sumido.
— Ele deu tudo — murmurou Erynn, a voz rouca. — Mas a fenda não levou tudo. Devolveu parte. E parte é sempre perigosa.
Helena ergueu o rosto.
— O que isso quer dizer?
A anciã olhou para o teto, onde ainda havia