Luana Monteiro — POV
O som do elevador era diferente naquele dia.
Mais grave.
Como se o próprio metal soubesse que algo prestes a acontecer vibrava sob a superfície.
Luana Monteiro manteve as mãos cruzadas à frente do corpo, as luvas pretas justas demais nos dedos.
O crachá pendia da gola como uma marca invisível.
Atrás dela, os seguranças observavam em silêncio, fardas alinhadas, expressões idênticas.
O visor à esquerda marcava: “Subnível 01 – Autorização Genevesse-Monteiro confirmada.”
O ar lá embaixo tinha cheiro de ferro e ozônio, misturado ao som ritmado das máquinas respirando.
Paredes brancas demais, luzes brancas demais, silêncio branco demais.
O Complexo Monteiro era um santuário clínico escondido sob quilômetros de concreto e propaganda corporativa.
Mas para quem conhecia os corredores, aquilo não era um laboratório.
Era um túmulo.
A porta principal se abriu com um suspiro metálico.
E Gabriela Monteiro estava lá.
— Atrasada — disse a mãe, sem erguer o olhar das telas