Sofia sentiu um nó se formar no estômago. Não por ciúmes ,não podia ser ciúmes! mas por algo mais profundo, mais enraizado. Algo que não queria admitir: uma pontada de posse. Uma irritação feroz que corria por sua espinha por vê-lo com outra. Como se, de alguma forma inexplicável, ele fosse seu.
Ridículo... você nem o conhece. Ele, além de ser seu primo insolente e abusado , é seu inimigo. Mas seu corpo gritava outra coisa. Seus olhos insistiam em descer lentamente pelo tronco nu dele, pelas veias saltadas nos braços, pela curva discreta de um sorriso provocador nos lábios de Mikail, notando a tatuagem que ele tinha no ombro e terminava em seus bíceps, dando um ar de rebeldia para a imagem de almofadinha que ela fez dele. Ele a observava como um lobo. E ela sabia... aquele jogo ainda estava apenas começando. Sofia inspirou fundo, recobrando o controle de si mesma, tentando ignorar o calor que subia por sua pele. Então caminhou decidida até a mulher de meia-idade parada ao lado da porta. — Você é a governanta da casa? — sua voz saiu firme, mas gentil. A mulher pareceu surpresa com a abordagem repentina, mas assentiu. — Sim, senhorita... — Meu nome é Sofia Silva Oslov. Quero que me mostre onde ficam os quartos — declarou, lançando um rápido olhar desafiador a Mikail, que a fitava com os olhos semicerrados e o maxilar contraído. — Um deles será o meu. Afinal, metade desta mansão é minha por direito. E isso faz de mim a nova patroa sua e de todos os funcionários daqui e espero que possamos nos dar muito bem . A governanta arregalou os olhos, claramente surpresa , sem saber se devia obedecer ou esperar uma ordem da senhora da casa ,Lundimila . O silêncio entre todos ,se estendeu, carregado de tensão. — Por favor , Sara, faça exatamente o que a senhorita lhe disse — disse Mikail por fim, com a voz rouca, grave, e um sorriso torto se formando no canto dos lábios. — A senhorita Oslov agora é parte da casa e também da família Quero que faça o possível para que se sinta… muito à vontade, afinal como ela disse será sua nova patroa. Mikail virou-se para observá-la subir as escadas atrás da governanta. Seus olhos se fixaram no balançar provocante dos quadris sob a calça de alfaiataria impecável que ela usava. As nádegas generosas e firmes desenhavam-se com perfeição a cada passo, desafiando sua sanidade. Ele apertou a mandíbula, sentindo a tensão percorrer seu corpo enquanto a lembrança do beijo invadia sua mente mais uma vez — o modo como ela reagira, o gemido contido, a entrega involuntária daquela boca quente, orgulhosa e absurdamente tentadora. __Ai ! exclamou Mikail mais por surpresa do que dor pelo tapa que Irina lhe deu. — Você é um descarado, Mikail! — sibilou ela ,com os olhos faiscando de raiva. — como pode ficar babando naquela mulherzinha abusada bem na minha frente? Tem vergonha na cara, não? —O que ? Eu olhando para aquela metida ,eu quero é mais que ela fique bem longe de nós . Irina bufou com desprezo, cruzando os braços. __vou fingir que acredito, só porque não quero começar nosso dia brigando ,ainda mais por essa mulherzinha. Sem esperar por mais explicações, ela girou nos calcanhares, os saltos estalando no chão de mármore enquanto caminhava até a mesa do café. Mikail a seguiu, junto com Ludmila e Tatiana, que haviam presenciado tudo com expressões tensas. Assim que se sentaram, Irina foi a primeira a romper o silêncio incômodo. —Vocês não podem aceitar esse absurdo . Aquela mulher não pode morar aqui como se fosse uma de vocês . Ela não passa de uma intrusa! Tatiana assentiu imediatamente, tomando um gole do chá. — Exatamente o que eu ia dizer. Não há espaço para uma estranha na casa da nossa família. Mikail massageou as têmporas com os dedos, visivelmente irritado com a conversa que já se desenrolava antes mesmo de ele pegar a primeira xícara de café. — Podemos tomar café da manhã em paz e esquecer dessa garota ? Ludmila, sentada à cabeceira da mesa com a compostura de uma matriarca, lançou um olhar reprovador ao filho. — Tudo bem filho Agora mudando assunto,quantas vezes já lhe disse para ter o bom senso de vestir uma camisa antes de vir à mesa, Mikail. Ele arqueou uma sobrancelha, soltando um meio sorriso sarcástico. — Da próxima vez, prometo lembrar dos meus bons modos... Mas, por enquanto, só quero terminar meu café em paz.Posso? Ludmila endireitou a postura e encarou-o com firmeza. — Paz é exatamente o que não teremos com essa garota aqui. Irina está certa. Ela deve sair. Imediatamente. Antes que Mikail pudesse responder, passos firmes se aproximaram da sala. O advogado da família, doutor Guimarães surgiu à porta com uma pasta de couro sob o braço e expressão neutra. — Com licença — disse, educado. — Estou de saída, mas achei prudente deixar um conselho antes de partir. Todos se voltaram para ele, surpresos com sua interrupção. — Aconselho que não tentem fazer absolutamente nada contra a senhorita Sofia — continuou Guimarães, lançando um olhar significativo para cada um dos presentes. — Porque, legalmente, quem pode sair perdendo são vocês. Metade desta casa, metade de tudo que pertenceu ao senhor Oslov, agora também pertence a ela. O silêncio que se seguiu foi imediato e pesado como chumbo. Mikail terminou seu café em silêncio, ignorando os olhares carregados de julgamento à sua volta. Levantou-se da mesa sem se justificar. — Vou me vestir para o trabalho, já estou até atrasado. — disse, sem olhar para Irina, que ainda fervia de ciúmes ao seu lado. Subiu as escadas com passos pesados, o maxilar travado e a mente inquieta. Ainda tentava afastar a imagem da nova moradora da casa , que o atormentava desde o momento em que a viu. Mas ao atravessar o corredor, ele parou subitamente ao notar uma porta entreaberta. Uma tênue fresta o convidava a espiar, e o que viu o fez perder o controle do próprio corpo. Ali estava ela. Sofia. Com um dos pés delicados apoiado na beirada da cama, a saia lápis levemente erguida, revelando mais do que devia. As meias finas e sensuais subindo pelas pernas e o gesto lento e preciso de prender a liga, bem no alto da coxa. Tudo em câmera lenta aos olhos de Mikail. Aquilo não era inocente. Aquilo era um convite silencioso, ardente.