A Herdeira: Apaixonada pelo inimigo
A Herdeira: Apaixonada pelo inimigo
Por: Jaque Luz
A Herdeira indesejada

Enquanto aguardava naquela sala fria a leitura do testamento do seu recentemente descoberto pai, a bela e jovem Sofia não via a hora daquilo tudo acabar. Não suportava a ideia de estar na mesma sala com pessoas que sempre trataram tão mal sua mãe, segundo ela mesma lhe relatou.

Quando Alfredo Oslov descobriu que ela estava esperando um filho dele, depois de abusar dela, sua mãe teve que fugir para que ele não mandasse dar um sumiço nela, mesmo grávida do filho dele.

Sofia odiava o homem que era seu progenitor, porque graças a ele sua mãe passou por todo tipo de humilhação e privação, tendo que se prostituir para conseguir se manter. Depois que teve Sofia, ninguém quis dar emprego a uma mãe com um bebê.

Só por isso ela estava ali, como uma forma de justiça , pela sua mãe.Só por isso estava ali no meio daquela família podre, esperando a leitura do testamento. Segundo o advogado do monstro do seu pai, ele teve uma crise de consciência quando estava muito doente e resolveu incluí-la em seu testamento.

Sofia era muito diferente de todos ali. A maioria tinha pele clara e olhos azuis, descendentes de russos que fizeram fortuna no Brasil, construindo um verdadeiro império em extrações de joias e lapidação de pedras preciosas em Minas Gerais. Ao contrário deles, ela era morena, com olhos amendoados como os da mãe. A única coisa que herdou do pai foram os cabelos lisos, mas ao contrário dos deles, que eram loiros, os dela eram castanhos escuros.

Sua mãe não quis lhe acompanhar na leitura do testamento na mansão dos Oslov, e até disse que, por ela, Sofia abriria mão de tudo. Mas Sofia não achou justo. Seja lá o que o miserável do seu pai deixou para ela, queria receber. Ainda mais que precisava do dinheiro para comprar os remédios caríssimos que sua mãe precisava, depois da cirurgia de ponte de safena. Era como uma indenização por tudo que ela passou naquela família, apesar de que nada pagaria o fato dele ter abusado dela.

Assim que Mikail Oslov entrou acompanhado da noiva, uma mulher ruiva, esbelta e elegante, mas que parecia ser tão esnobe quanto ele e sua família — pelo menos era o que ela ouviu falar de todos os Oslov — os olhos dele encontraram os dela. Ela pareceu hipnotizada por aqueles incríveis olhos azuis. Demorou alguns segundos até conseguir desviar o olhar. Então, percebeu um sorrisinho de deboche nos lábios dele, como se dissesse: "É isso que eu provoco em todas as mulheres com minha beleza e presença imponente."

Mikail era o sobrinho preferido do velho Alfredo Oslov, que o criou como um filho, já que a falecida esposa dele era estéril e nunca pôde lhe dar filhos.

Quando Mikail tomou seu lugar ao lado da mãe, Ludmila Oslov — que, segundo sua mãe, adorava humilhar — e da irmã dele, Tatiana — que desde nova também fazia questão de pisar nela —, elas logo cochicharam algo olhando para Sofia. Ela já imaginava que não era nada bom, mas mesmo assim não abaixou a cabeça. Manteve-se ereta, com o queixo erguido, o olhar firme e desafiador.

— Bem, agora que estão todos presentes, vou dar andamento à leitura do testamento — disse o advogado, ajeitando os óculos.

— Eu, Alfredo Oslov, em pleno juízo das minhas faculdades mentais, deixo metade de tudo que tenho para minha filha Sofia Santos, e que o nome Oslov seja incluído em sua certidão, pois não há dúvidas de que ela é minha filha.

O silêncio durou apenas segundos antes de Ludmila e Tatiana explodirem em protestos, indignadas.

— Por favor, mamãe, Tatiana — disse Mikail, com voz controlada —, deixem que o advogado termine. Certamente o exame de DNA terá que ser feito para comprovar a paternidade.

— Quando seu tio encontrou a senhorita Sofia, ele deu um jeito de conseguir material necessário para o DNA. Tenho aqui uma cópia. Podem comprovar que a senhorita Sofia é mesmo filha dele — disse o advogado, entregando o exame a Mikail.

Mikail olhou para o documento com descrença, os olhos azuis fixos nas letras como se pudessem saltar da página.

— Exames podem ser falsificados — disse ele, de maneira firme e cortante.

— Mas, infelizmente para vocês, esse não é. Sou realmente filha do monstro do seu tio — rebateu Sofia, encarando-o com altivez.

Ele ergueu uma sobrancelha, o olhar se estreitando sobre ela, analisando cada detalhe do seu rosto, dos seus traços, dos cabelos que caíam sobre os ombros com perfeição, tão escuros como a noite , emoldurando seu belo rosto.

— Se acha que meu tio é um monstro, por que veio até aqui de olho na herança que ele deixou?

— Porque, se ele era meu pai, eu tenho direito a tudo que deixou para mim. É o mínimo, diante de tudo que ele causou à minha mãe. Embora seja muito pouco para pagar o abuso que ela sofreu nas mãos dele.

— O quê? Abuso? — exclamou Ludmila, indignada.

— Meu irmão me disse que foi sua mãe que praticamente implorou para que ele a levasse para a cama! Aquela sem vergonha vivia se oferecendo, mesmo sabendo que ele era um homem casado!

— Se ofender novamente a minha mãe, eu vou quebrar essa sua cara, sua vaca! — esbravejou Sofia, levantando-se com fúria.

— Se ousar levantar um dedo para minha mãe, eu vou esquecer que é mulher e vou te dar uma lição que jamais vai esquecer! — rebateu Mikail, se pondo de pé, o corpo musculoso imponente diante dela.

— Só quero ver você tentar, playboy — disparou Sofia, sem recuar um centímetro, sentindo o sangue ferver nas veias.

Os dois se encararam por um instante longo e carregado. As palavras hostis ainda pairavam no ar, mas por trás delas, algo mais intenso surgia. Uma tensão elétrica, quase palpável, que incendiava o ambiente. Mikail notou o contorno cheio de curvas do corpo de Sofia, os lábios carnudos, os olhos que pareciam desafiá-lo e seduzi-lo ao mesmo tempo..

Já ela, mesmo tomada pela raiva, não pôde deixar de reparar no físico impecável dele, no corte de cabelo rente que deixava ainda mais evidente suas belas e duras feições ,na barba por fazer, no cheiro másculo que invadia o espaço entre eles.

— Senhores! — interveio o advogado, impaciente.

— Se não se acalmarem, vou deixar a leitura do testamento para outra ocasião.

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