CAPÍTULO 74
Quando a verdade chega antes da desculpa
Ele entrou sem anúncio, como quem pertence a todos os cômodos. Uma caixa alongada nas mãos, outra menor apoiada no antebraço. Pousou tudo na cama com o descaso elegante de sempre e soltou as chaves na cômoda. O quarto recebeu o cheiro dele e de rua fria.
— Amor — a voz saiu limpa, objetiva —. Vista isso. Vamos a uma festa. Bodas de platina de um empresário.
Ela nem se levantou. Estava sentada à beira da cama, ainda com a respiração curta que o dia lhe roubara aos poucos.
— Eu ainda não digeri a conversa, Eduard.
Ele assentiu uma vez, como quem autorizasse a própria franqueza.
— Tá. Então deixa eu explicar. Eu fodi a Cindy. Quando percebi que ela lembrava você. Satisfeita? — disse sem elevar o tom. — E fiz com ela o que eu queria fazer com você. Eu gozei chamando seu nome. Ela ficou puta. E deve ter mandado isso pra você como vingança. É isso.
As lágrimas vieram sem teatro, silenciosas como chuva fina. Alinna não puxou ar forte; ape