CAPÍTULO 80
Quando a dor adoece por dentro
Quatro meses haviam se arrastado desde aquela tarde na França. O beijo. O olhar de Caio. As palavras que ela precisou engolir para salvar a vida dele. E a ausência de qualquer explicação para um irmão que merecia ouvir a verdade.
Desde aquele dia, Eduard e Alinna não foram mais os mesmos.
Na noite em que voltaram para casa, ele entrou carregando o cheiro de uísque e de silêncio. Não houve discussões, nem perguntas. Apenas um abismo que se abriu entre eles. Ele largou o casaco sobre a poltrona, passou reto por ela e trancou-se no quarto. Não disse boa noite. Não a tocou.
No início, Alinna tentou puxar assunto. Tentou provocar conversas, até brigas. Mas ele, sempre que respondia, o fazia de forma seca, como se qualquer palavra a mais fosse perigosa. Era um silêncio controlado, pensado — e isso doía mais que qualquer grito.
Os dias se tornaram uma sequência de encontros e desencontros no mesmo teto. Eduard passava mais tempo fora, chegando tarde