CAPÍTULO 98
Quando ele transformou o amor em troféu
Caio permanece calado por alguns segundos, o peito subindo e descendo devagar, como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas demais. O ar que entra por suas narinas é pesado, carregado de tudo o que ele não disse por anos.
O olhar dele não foge, mas também não pressiona — é como se estivesse pedindo, em silêncio, que Alinna se mantivesse ali até o fim, que não virasse o rosto quando ouvisse o que ele tinha para contar.
Ela espera, imóvel. Não cruza os braços, não desvia o olhar. Só respira, e cada segundo dessa pausa parece arrastar o mundo inteiro para dentro daquele quarto.
— Alinna… — a voz dele sai baixa, rouca, com um arranhar quase imperceptível. — Tem coisas que começaram muito antes de você entender o que estava acontecendo. E eu também não entendia.
Ele apoia os cotovelos nos joelhos, inclina o corpo para frente e esfrega o rosto com as mãos, como quem tenta afastar o peso das lembranças antigas. As pal