Um destino. Uma fuga depois da traição. A sobrevivência... Eulália foi traída, foi enganada, acusada de assassinato e quase foi morta. Mas seu desejo pela verdade foi mais forte. Eulália sempre acreditou que não tinha um companheiro destinado, até cruzar o caminho do Supremo Alfa durante a corrida por sua cabeça. Temido e reverenciado, mesmo diante das dúvidas, e da mentira ele a reivindica sem hesitação, abalando todas as suas certezas. Mas depois de aparecer na vida dele como uma condenada a morte, ela poderá ser feliz? Agora, entre inimigos à espreita e segredos perigosos, Eulália precisa decidir: resistir ao vínculo ou aceitar que sempre pertenceu a ele.
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“Licaon foi o primeiro lobisomem da história, segundo as lendas gregas. Ele ousou cozinhar a carne de um escravo para oferecê-la a Zeus e, como punição, o deus o amaldiçoou. Desde então, ser um lobisomem sempre foi visto como uma maldição.” “Agora somos sinônimos de poder.” Aquela seria a noite em que minha vida mudaria, não que eu soubesse se seria uma mudança boa ou ruim. — Estão invadindo… — foi tudo muito rápido. O novo Beta da matilha Sangue Azul me puxou pela mão para longe de toda a confusão. A princípio, acreditei que seria pela posição de Luna que meu namorado havia prometido. — Por aqui. — Ele me levou rumo à floresta. — Mas eu posso ajudar as mães e crianças desamparadas se estiver lutando junto com todos. — Sua segurança é mais importante. E são ordens diretas. — De Ciro? — perguntei, seguindo-o. Ele ainda me puxava com pressa. — Sim. Meu sorriso ampliou. Por dentro, estava muito feliz por ele não estar mais estranho como antes. “Ele está me protegendo.” Acompanhei o Beta até a clareira, no meio da floresta. Lá, ele me deixou. — E o que faço aqui? — perguntei, confusa, enquanto ele deu as costas. — O Alfa virá em breve. — Disse ele, partindo em seguida. Levantei o rosto, olhando a lua cheia no centro. Suspirei, sonhadora. “Ele vai me pedir para ser sua Luna agora.” Não demorou muito, e o barulho de alguém se aproximando me fez ficar em alerta, pois esse ser carregava algo que arrastava no chão com força. “Quem será? Um dos inimigos?” Eu não pude ver o rosto de ninguém que ousou invadir nossa alcateia na noite de posse de Ciro, o filho do antigo Alfa. — Quem está aí? — perguntei para as árvores escuras e sombrias. — Sou eu. — Ouvi a voz do meu namorado e novo Alfa saindo das sombras. Ele trazia o corpo de alguém, que puxava consigo. Seu rosto estava banhado em lágrimas, e sua respiração, ofegante. Ele soltou o corpo perto de mim e me agarrou pelas mãos, pondo-se de joelhos. — O que houve? Quem é esse? — perguntei, sem olhar para o rosto da vítima. — Meu pai, Eulália. — Seu modo de me chamar me fez pensar que ele sofria tanto que não havia espaço para mais nada. Nem para nosso relacionamento. — Minha nossa! — Pus-me de joelhos junto com ele, vendo seu pai morto atrás de Ciro. — Eu sinto muito! — desejei com pesar. Eu também gostava muito do nosso líder anterior e, mesmo que ele não soubesse do meu relacionamento com Ciro, ele me tratava muito bem. — Eu também. Eu sinto tanto! — Ele agarrou meu rosto com as mãos sujas do sangue do próprio pai. Eu não me importei. Ele estava com dor, e eu sentia isso. O abracei enquanto ele desabava em mim. Então, quando tudo parecia calmo, até mesmo seu choro persistente, ele se ergueu junto comigo e se afastou, limpando o rosto. — Eu agradeço por tudo, Eulália. Por ter me colocado no posto do meu pai, por ter me consolado agora. E, por isso, você está livre. — disse ele, seus cabelos loiros brilhando à luz do luar, assim como seus olhos verdes. — Eu… — A última frase era uma completa confusão para mim. Ele se afastou ainda mais, deixando-me ali com o corpo de seu pai. — Eu estou livre? Do que está falando? Ninguém nunca me prendeu aqui, ainda mais agora, que você é o Alfa. Eu continuarei cuidando de você e de todos. — Não, Eulália, ele não precisa mais de você. — Ouvi a voz de uma mulher. Rosalina Rubens, a médica da alcateia, apareceu atrás de Ciro, colocando as mãos nos ombros dele. Ele já estava completamente diferente agora; seu rosto parecia indiferente. — Do que você está falando? O que significa isso? — Os encarei. — Significa que a traidora da nossa matilha tem que ser morta. — Disse Ciro, enquanto olhava para o corpo de seu pai. — Quem o matou? — Não compreendi nada. — Você não vê? Você é a traidora. Você matou o Alfa Michel. — Disse Rosalina, com um sorriso sinistro no rosto. Um arrepio subiu pela minha espinha, e o alerta interior ativou-se imediatamente. “Ciro nunca pensou em me tornar Luna.” Um nó se formou na minha garganta. A dor foi imediata, mas tudo estava claro. "Ele me traiu." As palavras dele da última semana voltaram à minha mente. “Você terá uma maravilhosa surpresa quando eu for Alfa…” Essa era a surpresa? Antes que pudesse reagir, uma sombra avançou na minha direção. Dentes afiados brilharam à luz da lua. O lobo de pelagem amarelada e grande de Ciro me derrubou com força no chão. — O que está fazendo? Sou eu! — tentei fazê-lo me ver como antes. Ele rosnou e arranhou meu braço com suas garras, fazendo-me gritar, ferindo meus sentimentos e meu corpo. — Pare! — Tentei somente me defender. Tudo aquilo devia ser um pesadelo. “Tudo porque ele me traiu?”EULÁLIA Não havia como reclamar, apesar de ter sido uma surpresa inesperada. — Eles nem são de maior. — reclamei. Como poderia a minha bebê já encontrar seu par logo assim que nasce? Bati na testa. Mas então pensei no que mais importava. A segurança de ambos era o que mais deveria ter peso. E não era como se Isolde e seu companheiro fossem se casar amanhã. — Tudo bem! Eu consigo lidar com isso! — digo, soltando um suspiro, vendo a fascinação na cara do jovem lobo. Wulfric caminhou até ele e respondeu a mim: — Mas eu ainda não quero lidar com isso! — pediu a bebê. Raphaelio não teve como negar, mas não saiu do cômodo, permaneceu maravilhado com minha filha. — Não deixe o queixo cair agora. Venha ver o outro lobo. Quem sabe não goste dele também! — Ronan voltou ao seu habitual mau humor, praticamente ameaçando Raphaelio. — Ronan. — murmurei. Ele me encarou por um momento. Então voltou-se para o jovem e ameaçou: — Você terá que cuidar dela o tempo todo. Mas eu fica
EULALIA Enquanto tinha meu descanso, depois de amamentar os bebês, pude observar os dois dormindo nos braços dos padrinhos. Ronan, que demorou para segurar sua afilhada com certo receio de “quebrá-la”, segundo ele, estava sereno, sempre olhando para o rostinho da bebê enquanto ela dormia. Eu assistia à cena do sofá mais próximo, na sala de desjejum. Reymond e Muriel pareciam fascinados com Leofric, seu afilhado. Eles pareciam já serem casados. O que me fez pensar que talvez eles já tivessem feito a ligação deles. Não estranharia — o poder dos companheiros vence até mesmo a timidez. Sorri, os observando. Ronan ainda estava de pé, praticamente balançando de um lado a outro, temendo que Isolde acordasse quando ele parasse de se mover. Pelo menos era a sensação que ele passava. Wulfric observava a cena de longe, pretendendo me auxiliar com uma boa refeição, mas que eu recusei por enquanto. Era bonito observar como novas vidas traziam grandes mudanças. Naquele momento, Leofric era
EULÁLIA— Está se sentindo mal? — Wulfric me analisou com preocupação.— Não, acho que não. — digo com um meio sorriso.— Tem certeza? — perguntou.Na realidade, havia sido apenas mais pressão na parte baixa da barriga. Aquilo, por um momento, me deixou assustada.— Amanhã o médico virá vê-la! — proferiu ele.Eu não negaria, afinal, havia sido minha culpa tê-lo deixado preocupado. E, para variar, era muito bom se sentir protegida por alguém como Wulfric.O tempo foi passando, e um dia, quando estava conversando com Muriel, que recentemente tinha ficado sozinha no castelo, sem sua amiga que vinha com ela de sua alcateia antiga, estávamos arrumando o quarto dos bebês para distrair minha mente — especialmente sobre a ansiedade de ter meus filhos nos braços. Olhando as roupinhas, os brinquedos e os seus berços temporários (já que bebês lupinos cresciam rápido), meu coração se mantinha acelerado, cheio de expectativa por tê-los sob meus olhos a qualquer hora.Então algo aconteceu… Tudo vir
EULÁLIA Não permiti que Ronan pensasse daquela forma, então prometi que faria algo. — Não precisa se esforçar mais do que faz para o povo. E quanto à loba que se presta a tentar seduzi-lo mesmo não vendo interesse da sua parte, eu a repudio. Ronan apertou os dedos com um leve sorriso. — E a Luna pode fazer isso com alguém que faz parte do seu povo? — Estou sendo sincera, Alfa Ronan! — ele sorriu pequeno e concordou. — Que bom que não sou o único a repudiá-la agora. Em outro momento, eu poderia rir disso, mas não foi esse em particular. Pois era notório o desconforto do alfa. Talvez não fosse apenas pela loba intrometida e insistente, mas pela presença de Wulfric, apesar de ele ter ficado quieto o tempo todo. Mas todos os alfas sabiam que ele tinha poder para ler as mentes. Eu jamais saberia o que se passava na cabeça de alguém, só poderia supor, como fazia agora. Porém, o supremo, mesmo atento a tudo enquanto fingia que era indiferente, estava ouvindo os nossos pensamentos.
EULÁLIA Eu sabia o quanto aquele assunto era delicado e não poderia permitir que alguém se aproveitasse de seus pesadelos para ter um benefício próprio. Eu não permitiria que fizessem isso com o Ronan. “Ele está acreditando que temos algo a ver com isso, principalmente porque falei sobre?” Era um receio esperado, pois eu havia tocado no assunto primeiro e agora alguém se atrevia a querer obrigá-lo a isso. Esperei apenas que a reunião acabasse, recolhendo mais informações sobre seu caso. Logo caminhei pelos corredores em busca do supremo. O encontrei no escritório, junto com Reymond. Ambos me cumprimentaram. Sem muitos rodeios, falei sobre o assunto que me levou até eles. — Quero fazer uma visita à alcateia do Alfa Ronan! Reymond olhou para minha barriga, assim como Wulfric. — Isso não me impede de sair do castelo para visitar as alcateias. — reclamei. — Eu entendo o que você está pensando em fazer. Mas não pode andar sozinha, Eulália. — Wulfric foi direto. — Então venha co
EULALIA — Você quer adotar uma criança ou procurar sua segunda companheira? Poderia parecer cruel a primeiro momento, mas ele devia reconhecer que era melhor não permanecer sozinho com a dor que carregava. E talvez ele quisesse isso, só não tivesse coragem. Ele não pareceu gostar de forma alguma e, por isso, eu já tinha uma terceira opção. — Sinto muito, Luna… mas devo recusar ambas! — foi rápido. Apertei os lábios e sorri. — Mas temos uma terceira opção, que não pode ser recusada. — Então não é uma opção. É uma ordem! — ele reclamou, apertou os braços cruzados e não se mostrou animado. Apenas fiz bico de desinteresse, na verdade, estava interessada em sua reação. — Seja padrinho do meu segundo filho! — seus olhos saltaram e seus braços caíram. — A água era pura mesmo. Tem certeza? — me fez gargalhar. — Acho que a água benta faria mais efeito. — comentou, me fazendo rir com sua piada automática, pois ele não ficou empolgado com ela. — Não é, de fato, uma opção. — digo.
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