Alena Petrova
O ar ali dentro parecia mais pesado do que qualquer sala que eu já tivesse pisado. Um peso que não vinha só da poeira acumulada ou do cheiro entranhado de mofo, era como se as paredes tivessem absorvido anos de dor e degradação, e agora devolvessem tudo de uma vez.
Olhei em volta com o estômago revirando. Havia manchas no chão que eu preferia não saber o que eram, um colchão fino e deformado num canto, e uma janela estreita, tão alta que era impossível ver lá fora. Não precisava de muito esforço para imaginar alguém sendo trancada ali dentro, sem sequer sentir o sol no rosto.
Tentei visualizar a mãe de Mikhail nesse espaço. Sozinha. Privada de qualquer dignidade. Como ela deve ter se sentido? Medo, raiva, desespero… ou talvez, no fim, apenas um vazio esmagador.
A ideia me deu um nó na garganta.
— Porque eu sinto que tem mais coisas que você não está me contando? — minha voz saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de desconfiança.
Mikhail ficou em silêncio