Não se isole. Não aja como se carregasse o mundo nas costas.
Marina
Fico sem palavras à medida que caminhamos em direção ao carro. Santino anda ao meu lado, tão estranho, tão distante, que me esforço para pensar em algo — qualquer coisa — que possa tirá-lo daquele transe, daquela agonia sufocante.
— Santino, não fique assim. Lúcio ficará bem-digo, na tentativa de aliviar aquele peso evidente.
Mas ele segue com a cabeça baixa, sem sequer olhar para mim. Parece enclausurado dentro de um mundo só dele, como se nenhuma palavra minha fosse capaz de atravessar aquela barreira.
É quando começo, de fato, a me preocupar.
Será que não me contaram toda a verdade? Será que o estado de Lúcio é mais grave do que disseram?
— Santino? — seguro seu braço, forçando-o a parar.
O olhar que ele me lança é tão vulnerável, tão despido de qualquer defesa, que sinto meu coração se quebrar dentro de mim, como vidro estilhaçado.
— Você está tão... — minha voz falha. — Lúcio está bem mesmo?
Ele me encara como se, de repente, voltasse à realidade.
— Sim... ele está bem. Po