Eu me levanto, respiro fundo. Minhas pernas tremem enquanto caminho até a porta. Cada passo é um desafio. Me apoio na parede, depois no corrimão da escada.
No meio da descida, meu olhar encontra Santino. Ele está de costas, olhando pela janela, as mãos nos bolsos da calça. Meu coração dispara, bate tão forte que parece ecoar no peito.
Aperto a mão contra o corrimão, buscando algum controle sobre meu corpo que treme inteiro. Seguro a respiração. Desço, um degrau de cada vez, até alcançar o chão da sala.
Ele se vira.
Nossos olhos se encontram.
Por um instante, tudo some. Só existem aqueles olhos negros, intensos, que parecem atravessar minha alma.
Ele veste uma jaqueta preta sobre uma camiseta branca de linha. A calça de sarja, também preta, está mais folgada do que eu me lembrava. Meu olhar o percorre inteiro… mais magro, visivelmente mais magro.
Onde antes tudo caía sob medida, agora sobra tecido.
Sofreu por mim?
Cada detalhe grita isso. O olhar, a expressão cansada, a presença dele