O QUARTO, A CONFUSÃO E... ELA.
Santino Berluccine Eu ergo o rosto e, por alguns segundos, só consigo ficar ali, parado, encarando aquela fachada tão conhecida e, ao mesmo tempo, tão estranha agora. O grande casarão do meu pai. Aquele lugar carrega cada cicatriz do meu passado, e vê-lo assim, com a pintura desbotada, as janelas empoeiradas e o jardim... ah, o jardim... As plantas, que antes desenhavam caminhos perfeitos, agora se rebelaram, cresceram sem controle, tomaram conta de tudo. Eram como mãos estendidas, lembrando que o tempo passou, que o abandono cobra seu preço... assim como a vida cobrou de mim. Sinto o coração bater pesado, irregular, como se cada pulsação fosse uma martelada no peito. Já fazia um ano desde minha última visita, mas agora, parado aqui, parece que foram décadas. O passado... aquele maldito passado que eu passei anos tentando sufocar, esquecer, recalcular... está agora me olhando de volta. Me esperando. Me desafiando. A lembrança do dia do acidente se infiltra sorrateira, como uma fac
Ler mais