Santino
Desde que Marina foi embora, trabalhar virou um martírio. Me arrasto pelos dias, fingindo ser um arquiteto funcional, quando na verdade... estou quebrado. Encaro o trânsito caótico à minha frente, enquanto luto, mais uma vez, contra a vontade irracional de checar o celular. Talvez, só talvez, ela tenha me mandado uma mensagem. Uma ligação. Qualquer coisa.
Nada.
Apenas uma mensagem da Lola: "Papai está bem."
Aperto o celular na mão, sentindo aquele buraco no peito abrir ainda mais. O coração lateja pesado, como se tentasse, desesperadamente, me manter de pé. Abro, quase sem pensar, aquele perfil fake no Facebook — o único meio que encontrei de ainda me sentir perto dela, mesmo que ela não saiba.
A única foto nova? Ela. Na piscina de casa. Sorrindo. Rodeada de amigos. Linda. Deslumbrante. E tão longe de mim que chega a doer.
Solto o ar, pesado. A angústia me sufoca. Amo Marina. Amo tanto que chega a ser físico, visceral, cruel. A parte racional grita que eu preciso esperar, que