O aroma do tempero fresco invadia a casa. Brandon estava na cozinha há mais de uma hora. O som baixo da música instrumental preenchia o ambiente, enquanto a luz amarela das velas acesas sobre a mesa projetava sombras suaves nas paredes.
Eu o observava de longe, encostada no batente da porta da sala, tentando parecer natural. Por dentro, um turbilhão me consumia. Cada gesto dele me parecia calculado. Cada carinho, agora, era colocado sob suspeita. Eu estava fria, eu sabia. Mas como não estar?
Ele se virou, com um sorriso terno. Vestia uma camisa escura, arregaçada nos cotovelos, e o avental de cozinha que sempre me fazia rir. Só que, agora, eu não ria. Tudo parece mentira, ensaiado, o filme da minha vida.
— Pronto. — disse, animado — Seu prato favorito... ou, pelo menos, um dos. Eu tive que apostar um pouco na intuição, não sei se vai gostar como gostava antes.
Assenti, sem entusiasmo. Ele puxou minha cadeira com galanteio, como sempre fazia.
— Obrigada.
Sentamos. Ele serviu o vinho. C