Alguma coisa dentro de mim não deixava o silêncio se acomodar.
Desde o bilhete, desde o colar, desde o livro com a dedicatória de um tal “C”, tudo em mim gritava por respostas. E mesmo que Brandon me envolvesse com seus carinhos, seus beijos, e a promessa de um futuro seguro, era como se uma segunda Naira estivesse despertando por dentro, inquieta, desconfiada.
Naquela manhã, ele saiu mais cedo. Disse que teria uma coletiva de imprensa. Beijou minha testa, chamou-me de “meu amor” e saiu como o homem perfeito. Como o marido devotado. Como o governador exemplar. Mas assim que o carro cruzou o portão eletrônico, eu fui direto para o quarto de hóspedes.
As caixas estavam ali, intocadas, como se tivessem sido colocadas para não serem lembradas. “Não tem pressa pra abrir isso”, Brandon havia dito. Na época, a frase soou gentil. Agora, parecia uma ordem disfarçada.
Me ajoelhei no chão e comecei a abrir uma das caixas. Havia papéis, pastas com etiquetas, agendas. Tirei tudo com cuidado, como