O cheiro das flores misturava-se ao frio cortante da manhã. O céu estava nublado, como se o universo soubesse que aquele não era um dia comum. Era o velório de Brandon.
Eu permaneci em silêncio, sentada na primeira fileira, com Cayden ao meu lado. Meus olhos estavam inchados, mas secos agora. As lágrimas tinham cessado há algumas horas, mas a dor permanecia ali, silenciosa, latejante. Uma dor estranha, que misturava alívio, culpa e saudade.
Foi então que vi dois rostos entre a multidão. Um casal de meia-idade, vestidos com roupas simples, mas com uma elegância sutil. Aproximaram-se com passos calmos e olhos marejados. A mulher segurava um lenço, o homem um pequeno broche com a letra "G".
— Você deve ser Naira. — disse a mulher com um sorriso gentil, mesmo que dolorido. — Eu sou Clarice. Esse é meu marido, Henry. Somos os pais do Brandon.
Por um segundo, não soube o que dizer. Eles eram tão diferentes do que eu imaginava. Tão… humanos. Clarice pegou minha mão entre as dela e a apertou.