O carro atravessava a noite como um grito. Dentro, o silêncio era pesado, mas o ar, cortante. Bê estava desacordado, sangrando muito. Corvo dirigia como um louco, Zóio pressionava o ferimento com as mãos, e Isis tremia no banco do passageiro da frente. O cheiro de sangue e pólvora ainda estava ali.
— Ele vai morrer. — Isis disse, sem olhar pra ninguém, os olhos fixos na estrada. — Por causa de vocês. Por causa dele.
Zóio respondeu, com a voz firme:
— Ele vai viver. E Theo não é culpado disso.
— Cala a boca! — ela gritou. — Você sabia. Você sabia quem ele era!
— Sabia — disse Zóio. — Mas também sei quem ele escolheu ser. E não é o pai dele.
— Levaram ele. — a voz de Isis tremeu. — E eu ouvi. Ele chamou aquele homem de pai.
— Ele é filho, Isis. Mas nunca foi cúmplice. Ele te ama.
— Ele me enganou. Usou meu coração pra entrar aqui. Pra enganar a todos. — Ela virou o rosto. — Eu juro por Deus, Zóio, se o Bê morrer, eu mesma mato o Theo.
Corvo acelerou mais.
— Chega. Não é hora d