Theo estava sentado no colchão do quartinho, o caderno aberto no colo, a caneta tremendo entre os dedos. O barulho da festa ainda ecoava lá fora, mas pra ele, parecia distante, abafado, como se o mundo já estivesse em outro plano. Era a última página.
Ele escreveu como quem sangra. Contou sobre sua decisão. Sobre o medo. Sobre o amor. E sobre o preço da paz. Aquele arquivo não era só dele. Era do morro. Era da verdade.
> “Se você tá lendo isso, é porque não deu pra voltar. Mas não deixem a luta morrer. Eu sou do morro. Eu sou por vocês.”
Dobrou a folha final, colocou no envelope. Guardou no esconderijo que só Bê sabia. E sussurrou:
— Só você sabe onde tá, Bê. Só você pode mostrar quem eu fui.
Ele pegou o celular, discou um número e levou ao ouvido.
— Pai... já tô indo. Não faz nada. Me espera. Eu vou me entregar.
Na ONG, dentro de uma das vans estacionadas perto da quadra, Isis, Corvo, Zóio e Bê trocavam informações.
— A gente não pode continuar assim, rodando sem direção — di