Mundo ficciónIniciar sesiónApós um acidente que a deixou sem memória, Julia acorda em um hospital com o marido Otto ao seu lado, mas algo parece fora de lugar. Julia não se lembra de nada sobre sua vida, nem mesmo de Otto, o homem que diz ser seu marido. Em uma tentativa de reconstruir sua vida, ela começa a lidar com as lembranças fragmentadas que começam a emergir lentamente, e cada nova memória traz consigo uma mistura de sentimentos conflitantes. Otto, tentando manter a fachada de um marido dedicado, se dedica a cuidar dela, mas Julia sente que há algo estranho em sua presença. Ela começa a questionar a veracidade de sua relação, à medida que fragmentos de seu passado surgem com força. Memórias de uma vida antes do acidente começam a emergir, mas nenhuma delas parece completamente clara. Ela luta para entender o que aconteceu, o que é real e quem ela realmente é. Enquanto tenta recuperar as peças de sua identidade, Julia se vê cada vez mais dividida entre o que Otto lhe diz e as sensações que suas memórias despertam. À medida que as recordações do passado voltam à tona, um relacionamento que parecia sólido se torna incerto e cheio de dúvidas. Será que a verdade sobre o que aconteceu com ela é algo que está sendo escondido? Em meio à confusão emocional, Julia precisa aprender a confiar em si mesma e a navegar entre a dor da perda de memória e os sentimentos que começam a surgir com as lembranças que retornam. Mas a verdade está mais próxima do que ela imagina, e a recuperação de sua memória pode significar não apenas recuperar o que perdeu, mas também descobrir segredos que mudam tudo.
Leer másEra noite, e a chuva caía forte quando uma mulher foi trazida ao hospital. Seu estado era grave. Passou por várias cirurgias, mas estava demorando para acordar.
Por sorte, seu marido também havia dado entrada no hospital e pôde contar um pouco do que aconteceu. — A gente bateu o carro, ela saiu de um lado e eu de outro. Quando vi, já tinha acontecido. Foi muito rápido — disse ele, visivelmente abalado. Dias se passaram até que, finalmente, ela abriu os olhos, com muito esforço. Olhou o ambiente com calma: quarto branco, janelas grandes com persianas. Lá fora, a chuva caía forte. Um trovão a fez levar um susto, e ela fechou os olhos por um instante, antes de abri-los lentamente novamente. Começou a observar o local com mais atenção, tentando reconhecer onde estava. Viu uma porta. À frente da cama, uma cômoda. Acima, na parede, uma TV estava ligada, exibindo algum programa infantil. Virando-se um pouco, notou outra porta, desta vez aberta. Lá fora, algumas pessoas passavam — pareciam médicos. Ao olhar mais uma vez, viu uma janela de vidro, com persianas abertas, que dava para o outro lado. Havia um balcão e dois computadores. Quando seus olhos subiram um pouco mais, viu um homem debruçado sobre a cama, aparentemente dormindo. Ela ficou observando-o em silêncio, confusa. O medo começou a crescer dentro dela. Não sabia onde estava, não reconhecia nada, e não se lembrava de nada. Nesse momento, uma enfermeira passou pelo corredor, notou que ela havia acordado e entrou no quarto. Com gentileza, aproximou-se e começou a acalmá-la. — Julia, está tudo bem. — Onde eu estou? — falou apavorada. — Está em um hospital. Calma, não precisa se preocupar. A enfermeira se aproximou devagar, usando uma luz nos olhos de Julia enquanto começava a ler o prontuário. Era uma mulher magra, aparentando cerca de 40 anos. Seus cabelos eram curtos e castanhos, seu rosto redondo, com olhos castanhos escuros e pequenos, nariz delicado e lábios finos. Ela não era alta. A enfermeira parou por um momento, observando atentamente. — Está sentindo alguma coisa? — Dor de cabeça... estou confusa... eu não me lembro de nada. — Está tudo bem, vamos te ajudar com isso. Vou chamar o médico, tá bom? — Tá bom... — disse Julia, ainda assustada. O homem que estava debruçado sobre a cama de Julia acordou, viu que ela estava acordada, abriu um sorriso e começou a chorar. — Você acordou, meu amor. Achei que tinha te perdido — falou ele, entre lágrimas. — Sr. Green, ela está um pouco assustada, não se lembra de nada. Vou chamar o médico. — Tudo bem. Ele passou a mão no rosto, tentando secar as lágrimas, depois segurou a mão de Julia e a acariciou com ternura. — Não se lembra de nada? — perguntou ele, calmamente. — Só do meu nome. — Não se lembra de mim? — Não... me desculpe, eu... — Não, não se preocupe — ele a interrompeu suavemente. — O que importa é que você acordou. — O que houve? Só consigo me lembrar de chuva e luzes fortes. — Querida, você sofreu um acidente. Já faz dias que está aqui. Julia levou a mão à cabeça, sua expressão era de dor. — Acho que ainda precisa descansar. — Estou aqui há quanto tempo? — Bastante tempo. Pare de se preocupar. O médico já vem. Quando terminou de falar, o médico entrou. Olhou Julia com atenção e abriu um sorriso. Caminhou até ela e tocou seu ombro com delicadeza. — Bem-vinda de volta, Julia. Vou pedir alguns exames, tá bom? — falou ele suavemente. — Onde eu estou? — Não se lembra de nada do acidente ou antes dele? — Não... só de luzes fortes e chuva. — Você sofreu um acidente grave. Não se lembrar é normal. Com o tempo, suas memórias vão voltar. Ele anotou algo no prontuário dela. — Sr. Green, por favor, me acompanhe. Eles saíram do quarto juntos, e Julia apenas observou os dois do lado de fora. Ainda sentia medo, mas tentava se acalmar. — Sr. Green, é normal que ela não se lembre de tudo. Precisa de paciência, não a force. — Tudo bem, doutor, mas pode demorar para as memórias voltarem, ou talvez não voltem? — São possibilidades. O acidente foi muito grave. Vamos apenas seguir um dia de cada vez, tá bom? — Está bem, doutor. — Vou pedir alguns exames e começaremos a reabilitação dela. O médico entrou novamente no quarto. Julia estava curiosa, observando tudo em silêncio. — Ele vai pedir alguns exames. Pediu calma e disse que, com o tempo, as memórias vão voltar. — E se nunca voltarem? — Não vamos ser pessimistas. Estou aqui, amor. Vou te ajudar em todo o processo, não se preocupe. — Desculpa... mas o que somos, exatamente? — Somos casados há bastante tempo. Julia olhou para sua mão e viu uma linda aliança dourada, com um diamante nela. Ficou ali, observando-a, tão bonita. — Era da minha avó. — disse ele Ela o olhou e sorriu. Ele fez o mesmo, um sorriso cheio de carinho. — Eu sou o Otto, Otto Green. Nos conhecemos há bastante tempo, somos casados e resolvemos nos mudar. Você queria um lugar mais calmo, para poder escrever. — Eu escrevo? — Sim, querida, você trabalhava em um jornal local como colunista. — Uau. — Sim, você era muito boa. Não se preocupe, em casa tenho recortes. Vai poder ver tudo o que escreveu. — É tão estranho não lembrar de nada. — Julia, você acabou de acordar. Nem imagina tudo o que passou aqui, mas com calma, vou te contar, tá bom? — Julia Green? Que bonito... — sorriu. — Sim, meu amor. — Ele beijou seus lábios de leve. Logo, uma equipe veio buscar Julia para fazer os exames. Demorou bastante, e ela se sentia cansada. O médico e a enfermeira a acompanhavam. — Bom, Sr. e Sra. Green, os resultados não devem demorar a sair. Vamos ver como tudo está. Também vamos começar a reabilitação. Fizemos várias cirurgias e agora ela precisa se recuperar para voltar a andar logo. — Foi muito grave? Porque está tão estranho... — Julia falava devagar, como se isso pudesse ajudá-la a lembrar de algo. — Foi muito grave. É normal que não se lembre das coisas. Não force, está bem? — Tudo bem. Mas e se não voltar? — Julia, é uma possibilidade, sim. Pode voltar logo, pode demorar, ou pode não voltar. Mas só vamos saber com o tempo, e você terá toda a ajuda necessária. Agora, descanse. Mais tarde eu volto para te ver. O médico saiu do quarto, deixando o casal a sós. Otto segurou a mão de Julia. Ela sorriu, se ajeitou na cama e fechou os olhos. Otto se acomodou na poltrona ao lado e também fechou os olhos. Logo, os dois adormeceram. O médico voltou ainda naquele dia para verificar como Julia estava, já com os resultados em mãos. — Está tudo bem com você, Julia — disse ele, com um sorriso. — Agora, você passará pelo processo de reabilitação. Já sabemos que será longo, e doloroso, mas com calma, logo você estará andando e, em breve, indo para casa.Matthew passou pela cozinha e subiu direto para o banheiro. Sentia-se no controle, poderoso. O uso da cocaína realçava seu lado narcisista, libertando algo ainda mais sombrio — um contraste completo com os momentos em que estava na bad. Nesses, tornava-se alguém totalmente diferente.Abriu a porta do banheiro e se serviu com mais drogas. A cada aspirada, sentia-se ainda maior, melhor. Esfregou um pouco na gengiva e, em seguida, encarou o espelho.“Isso, Matt, muito bem.” — ouviu novamente a voz, dessa vez suave.Olhou ao redor e voltou-se para a imagem refletida. Franziu a testa e aproximou o rosto.“Isso, querido... sou eu.” — a voz ficou ainda mais suave, quase um sussurro.Matthew encarou ainda mais o espelho e então percebeu que aquela voz saía dele. Ou talvez fosse ele... ou, quem sabe, uma amiga que acabara de descobrir.A voz soava suave, agradável de se ouvir — pelo menos naquele momento. Mas, analisando agora, depois do susto, percebeu que ela o incentivava. Ele não estava ac
— É tudo culpa dela! — falava furioso, repetidas vezes.Matthew saiu pelos fundos, entrou na van e começou a dirigir sem rumo.“Podia deixar as duas apodrecerem lá dentro.” — ouviu uma voz.Matthew olhou para os lados, mas não viu ninguém.“Ah, Matthew, deixa de ser tão bonzinho.” — a voz falou novamente.Freou bruscamente e olhou para o fundo da van.— Quem está aí? — perguntou, ansioso.Mas ali não havia ninguém. Saiu do carro com o coração acelerado, olhando para todos os lados; tudo o que via era a estrada vazia cortando a floresta.— Quem está aí? — gritou. — Eu mato! Eu mato você!Berrava aos quatro cantos, girando sem sair do lugar, avisando a quem quer que fosse o que podia fazer. Andou um pouco, atento à estrada, mas não viu ninguém. Um barulho no mato chamou sua atenção; pegou uma pedra do chão e se dirigiu para o som — e, mais uma vez, não havia nada.Voltou para a van, abriu a porta, pegou o bastão e ficou esperando por algo. Silêncio total — nem o vento soprava para mover
“Quem é essa mulher? O que ela quer? Que porra ela quer?” — pensava Matthew sem parar.Andava de um lado para o outro, e as perguntas não saíam de sua cabeça. A ansiedade tomava conta; junto dela vinham o medo e a raiva — sentia tudo ao mesmo tempo. Continuava a beber e se drogar, procurando algum tipo de controle e conforto em meio àquele caos, mas tudo apenas piorava.Lembrou-se de Julia abraçando-o e dançando, em seguida saindo apressada, fugindo dele.“Iria realmente fugir? Iria mesmo para longe de mim? Como seria capaz depois de tudo?” — se perguntava.Matthew parou no meio do escritório e começou a chorar; percebeu que estava perdendo o controle de tudo. Soltou um grito que parecia vir do fundo do seu ser e saiu marchando, decidido a retomar as rédeas da situação e mostrar a Julia que seria melhor aceitar sua situação de uma vez por todas.Dirigiu-se até o porão, abriu a porta e desceu as escadas, passando direto por elas até uma cadeira encostada na parede, atrás de Eleonor, qu
Matthew notou que Julia estava com o olhar distante, perdida em pensamentos. — Ju, você está bem? — perguntou com falsa preocupação. Ela não respondeu; o olhar continuava vago, a testa levemente franzida. — Julia? — chamou mais alto. — O-oi — respondeu Julia, voltando a si. — Você está bem? Te chamei e você não respondeu. — Desculpa — murmurou Julia, desviando o olhar para o chão. — Acho que passei tempo demais trancada em casa — deu um sorriso amarelo. — Então vamos aproveitar o dia — disse Matthew, sorrindo. — Vamos à sorveteria? — Prefiro o pub — respondeu Julia rapidamente. — Sério? — perguntou ele, surpreso. — Pensei em tomarmos cerveja e ouvir música. — Ótima ideia. Matthew se surpreendeu com a resposta. Depois de tanto tempo decidida a não beber mais, agora ela mesma sugeria um bar — e isso, sem dúvidas, era estranho. Decidiu fazer a vontade dela e observar o que aconteceria. Atravessaram a rua, foram até o carro, deixaram as sacolas e seguiram caminhando até o pub
Matthew estava em seu escritório, sentado com as pernas sobre a mesa, perdido em seu mundo perfeito de ilusões. Sua cabeça trazia imagens dele e de Julia no quintal da casa, sentados tomando drinks. Julia usava um vestido vitoriano florido e um belo chapéu redondo com fita azul fazendo um laço. Ela sorria, ele a acariciava, e ela balbuciava algo parecido com: "Eu te amo". O dia estava claro, o céu azul sem nuvens, e a brisa suave balançava as árvores, levantava as folhas e soprava no rosto de Julia, balançando seus cabelos negros, o que a fazia rir ainda mais. Matthew estava feliz; ali tinha tudo o que queria, ali era a vida que desejava, a vida que acreditava merecer. O som alto de notificação de seu celular tirou-o de seu mundo perfeito. Pegou o aparelho e viu a mensagem que Pablo havia enviado: “Aqui, foto da menina como me pediu” — enviou Pablo. Matthew sorriu, totalmente satisfeito. Zoe estava ao longe, na bicicleta, sorrindo; o vento balançava seus cabelos, algumas folhas v
Aaron sorriu amigavelmente, um daqueles sorrisos que vêm antes de uma notícia nada boa. Otto manteve o olhar baixo, pensativo. Não estava feliz, não como há poucos instantes. Julia olhou para Otto e, em seguida, seu olhar percorreu todos ali presentes até parar em Aaron. Ela sorriu. Torcia para estar errada, mas seu íntimo gritava, alertando-a.— Ele escapou, né? A Elle está certa, não é isso? — perguntou. Sua voz saiu tranquila.— Sim, ele conseguiu escapar — respondeu Aaron, meio envergonhado.— Certo — respirou fundo. — Então também acham que ele pode vir atrás da gente? — fez uma pausa. — De mim novamente?— Achamos que, desta vez, ele pode ir atrás de todos, principalmente do Otto.— Ele falou várias vezes sobre matar o Otto. Inúmeras vezes demonstrava o ódio e o nojo que sentia por ele. Já havia perguntado por que escolhi o Otto e não ele. Chegou a me ameaçar, dizendo que devia ter matado o Otto... ou se eu queria que ele fizesse isso quando eu não o obedecia. — abaixou a cabeç





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