EDUARDO
O dia tava calmo. Calmo demais, até.
Enzo tinha voltado da escola com os olhos brilhando, uma leveza nos passos que a gente não via há semanas. Assistiu desenho rindo alto, daquele jeito que faz a casa toda parecer viva. Quando pediu pizza pro jantar, Sofia me lançou um olhar cúmplice por cima da mesa. Um daqueles olhares silenciosos que dizem tudo: talvez esteja funcionando… talvez ele esteja começando a curar.
Mas a paz tem o péssimo hábito de ser breve.
O interfone tocou.
Uma vez só. Seca. Rápida. Como quem sabe que vai causar um terremoto.
Sofia já ficou tensa só de me ver andando até o aparelho.
— Quem é?
Suspirei, lendo o nome no visor. Meu estômago virou.
— Isabella.
— De novo? Sem avisar? — A voz da Sofia saiu baixa, mas cortante. Os braços se cruzaram com força, como quem tenta se manter inteira por fora quando por dentro já tá se partindo.
— Ela não tinha nenhuma visita marcada hoje.
Mesmo sabendo, respirei fundo e apertei o botão pra abrir o portão. Uma parte de mim