SOFIA
Vi o rosto de Isabella desabar com a pergunta do Enzo. Uma pergunta pequena, de criança. Mas cheia de uma dor grande demais pra caber num corpinho de cinco anos.
E naquele segundo, tudo parou. O tempo. A respiração. A esperança que ela tinha trazido na mão junto com o carrinho.
Ela se virou devagar, os olhos marejados, e me encarou. Pela primeira vez… sem máscara, sem escudo, sem orgulho. Só uma mulher quebrada tentando colar os pedaços da mãe que deixou de ser.
— Me desculpa. Eu só... achei que estava fazendo certo.
A voz dela saiu fraca. Quase um sussurro. Mas eu ouvi.
E eu quis acreditar.
Porque eu via que havia amor. Mas também via que amor, sozinho, não era suficiente. Principalmente quando vinha depois de tanto abandono.
Dei um passo à frente, cruzando os braços como se isso fosse me proteger do impacto daquilo tudo.
— Fazer certo… — comecei, firme, mas sem crueldade — às vezes, é justamente saber esperar. É entender que o tempo do Enzo não é o mesmo que o seu.
Ela baixou