ENZO
Acordei com sede.
O quarto tava escuro, só o brilho do dinossauro no canto piscando devagar. Levantei bem devagarzinho, pra não acordar ele — porque ele protege meu sono, eu acho. Passei a mão nos olhos e fui andando até a porta. O chão tava gelado nos meus pés.
No corredor, tava tudo escuro também. Mas a sala tinha uma luz acesa. E vozes baixas. A voz do papai. E da Sofia.
Fiquei ali escondido, colado na parede. Não era pra escutar, mas meu coração mandou eu parar e ouvir.
— Eu tô com medo, Eduardo — a Sofia disse, com a voz bem triste. — Essa aproximação da Isabella... o Enzo é só um menino. Ele precisa de segurança, não de mais confusão.
— Eu sei, Sofia — papai falou, mais baixinho ainda. — Mas se a Isabella realmente tá correndo perigo, eu não podia virar as costas.
— E se ela se aproveitar disso pra tentar reverter tudo? Pra ganhar espaço?
Espaço. Espaço de quê?
— Ela não vai — ele respondeu. — Porque o espaço dele, o lar dele... é com a gente.
Meu coração fez um barulho tão