SOFIA
Foi Eduardo quem sugeriu.
— A gente precisa conversar com ela. Olho no olho. Pela saúde emocional do Enzo.
Minha garganta secou. Meu corpo respondeu antes da minha mente. Era a coisa certa, sim. Mas enfrentar Isabella de frente, depois de tudo — depois das mentiras, das idas e vindas, das rachaduras que ela deixou no nosso filho — exigia mais do que coragem. Exigia controle. E eu já estava me equilibrando em cima de um fio finíssimo de paciência e proteção.
Quando a campainha tocou, o ar pareceu sumir da sala.
Eduardo abriu a porta. Isabella entrou.
Não era mais a mulher impecável das primeiras visitas. Sem maquiagem, as olheiras evidentes, o coque malfeito com alguns fios escapando e grudando no rosto. Mas não era aparência que me importava. Era o olhar. E o dela… vinha carregado. Um misto de culpa, dor e esperança.
Sentou-se no sofá com as mãos apertadas entre os joelhos, como quem tem medo de tocar o ambiente, de ser rejeitada até pelo ar.
— Obrigada por me receberem — disse,