EDUARDO
Enzo dormia entre nós. O corpinho miúdo, embolado nos lençóis, respirava com calma. Uma paz que eu não via há dias. Era como se ele tivesse encontrado um refúgio entre a gente. Um intervalo entre os medos que ele ainda não sabia nomear, mas que eu reconhecia com clareza.
Eu sabia.
Eu via cada rachadura.
Cada silêncio no meio das frases. Cada vez que ele desviava o olhar pra esconder o que sentia. Cada gesto contido, como se estivesse pedindo desculpas por sentir demais.
E isso me rasgava por dentro.
Eu devia protegê-lo. Mas como proteger alguém das sombras que você mesmo deixou entrar?
O quarto estava escuro, mas meus pensamentos eram ainda mais pesados. A presença de Isabella tinha bagunçado tudo — em mim, nela, nele. Era como se o passado tivesse voltado pra cobrar, e a fatura viesse nos olhos assustados do meu filho.
Sofia se virou de lado e encostou o rosto na cabeça dele. Vi a mão dela buscar a dele no escuro. Vi Enzo apertar com força. Vi o mundo fazer sentido naquele si