SOFIA
O som do interfone cortou o silêncio da manhã, e um calafrio percorreu minha espinha. Não era hora de entregas, e Eduardo ainda estava fora. Quando vi o número no visor, já sabia quem estava do outro lado.
— É a Isabella. Podemos conversar?
Suspirei, deixando a tensão se espalhar pelo corpo. O momento finalmente chegara. Eu sabia que isso ia acontecer. Ela não se contentaria apenas com o retorno à vida do Enzo; queria se infiltrar na nossa também. Queria espaço, reconhecimento, talvez perdão. E eu teria que encarar tudo isso de frente.
— Sobe.
Abri a porta, e a encarei sem nada dizer. O rosto dela estava diferente. Menos maquiada, com os cabelos presos de qualquer maneira, visivelmente cansada, mas com uma determinação silenciosa que eu não sabia se devia admirar ou temer.
Ela ficou ali, no limiar da sala, hesitando como quem não sabe se está realmente convidada a entrar ou se ainda é uma intrusa.
— Obrigada por me receber — ela falou, com um tom mais suave do que o habitual.
Eu