SOFIA
Na segunda-feira, Isabella chegou mais cedo do que o habitual. Eduardo a recebeu na porta com educação contida, e eu, como sempre, mantive a cordialidade. Não era fácil. Cada visita dela era uma prova silenciosa de que meu coração estava sendo testado em limites que eu ainda não conhecia.
— Ele está lá fora, brincando com os carrinhos — avisei, cruzando os braços.
— Obrigada — ela respondeu, segurando um ursinho de pelúcia surrado, claramente antigo. — Trouxe isso. Era meu quando pequena. Talvez ele goste.
Assenti com um leve aceno. Ela passou por mim e foi em direção ao Enzo.
Fiquei observando da cozinha, sem me intrometer, mas com os sentidos atentos. Era quase instintivo. Como uma mãe leoa protegendo seu filhote de qualquer ameaça disfarçada.
— Mamãe! — Enzo sorriu, se levantando para abraçá-la.
A cena me causou um aperto no peito, mas também um alívio discreto. Não havia rejeição, nem medo. Ele estava aberto. E isso era bom. Era sinal de que estávamos conseguindo dar a ele a