SOFIA
Nos dias que se seguiram, algo no olhar do Enzo mudou. Era como se ele tivesse descoberto uma chave secreta que, por muito tempo, ficou escondida dentro de si. Eu podia ver isso nas pequenas coisas — nas perguntas que agora saíam de sua boca com uma naturalidade que antes não existia. Como se ele tivesse finalmente entendido que não precisava mais carregar tanto silêncio. Mas, com essas perguntas, vinham também os silêncios. Momentos em que ele apenas ficava parado, perdido em pensamentos, como se estivesse se reorganizando por dentro, tentando colocar as peças de um quebra-cabeça que ele ainda não conseguia entender completamente.
E, de certa forma, nós também não. Mas aprendemos a respeitar esses silêncios. A esperar por ele, sem pressa de que ele se abrisse ou que fizesse sentido. Ele era uma criança, mas parecia carregar um peso que eu não queria que ele tivesse. Então, deixamos que ele fosse. No tempo dele.
Ele ainda vinha dormir conosco, às vezes. Eu o sentia, leve e peque