VICTOR
A fumaça dos papéis queimados ainda grudava em mim, um lembrete fétido do caos que tentei conter com as próprias mãos. Saí pelos fundos do prédio como um rei destronado — mas não derrotado. Nunca derrotado.
Os federais rastejavam por todos os cantos, olhos famintos por escândalo. Amadores. Farejadores de manchetes. Acham que me encurralaram? Pobres diabos. Aquilo não era o fim. Aquilo era apenas uma mudança de fase.
Eu ainda tinha poder. Alianças forjadas em jantares secretos, contratos assinados com sangue invisível. Banqueiros que lavaram meu dinheiro. Juízes que engavetaram provas com um sorriso cínico. Deputados que me devem campanhas inteiras.
Mas nada me irritava mais do que o nome que ecoava entre os corredores da minha queda.
Eduardo.
Eu subestimei aquele maldito. Achei que o amor o tornaria fraco. Que a culpa o engessaria. Mas ele se levantou... e agora crava os dentes onde eu mais sangro.
Entrei no carro blindado com as mãos cerradas. O celular vibrou. Uma chamada que