SOFIA
Eduardo volta do encontro ainda tenso, os ombros rígidos, o maxilar travado, mas algo em seu olhar denuncia a mudança. Há uma leveza ali, um brilho discreto que eu não via há muito tempo. Como se, enfim, ele tivesse deixado para trás uma parte sombria que o prendia.
— O que houve? — pergunto baixinho, quando estamos a sós, como se minha voz pudesse quebrar a magia daquele momento.
Ele respira fundo, se aproxima até que eu consiga sentir o calor que emana do seu corpo.
— Você tinha razão — diz, com a voz grave, mas carregada de alívio. — Às vezes, tentar salvar todo mundo só nos destrói.
Meu peito se aperta, e uma vontade quase desesperada de abraçá-lo me invade. Eu vejo o homem diante de mim despido de suas amarras, pronto para enfim viver.
— E agora? — pergunto, a esperança vibrando nas minhas palavras.
Ele sorri, um sorriso pequeno, mas verdadeiro, e seus olhos brilham de uma forma que me desmonta.
— Agora... eu só quero viver o presente. Com você. Com o nosso filho.