SOFIA
Observar aquilo me dilacera. É como ter o coração arrancado do peito e ainda ser forçada a continuar sorrindo. Ver o menino que eu amo com cada célula do meu corpo — o meu Enzo — sorrindo, mesmo que de leve, para aquela mulher que o abandonou, me faz sentir uma dor que não tem nome. Ele é só um bebê. Não entende o que está por trás de gestos treinados ou de sorrisos falsos. Para ele, tudo ainda é cor, som, presença. E ela está ali.
Isabella se esforça para parecer doce. Para parecer mãe. Mas há algo forçado demais em seus movimentos. Cada frase soa como um script. Cada tentativa de carinho, como uma obrigação. Ela segura um carrinho e faz um som com a boca, tentando chamar a atenção dele.
— Vruuum... Olha o carrinho, filhote!
Mas Enzo só pega o brinquedo e volta a olhar pro chão. Brinca, mas não se entrega. O corpo dele está presente, mas o coração... não.
De vez em quando, ele levanta os olhinhos escuros e me procura. Me busca. Como se dissesse “tá tudo bem, mamãe?”. E eu