SOFIA
Volto com Eduardo para casa em silêncio. Ele não diz nada durante o trajeto, apenas dirige com os olhos fixos na estrada. Quando chegamos, Enzo já está dormindo, graças à Marlene que o cobriu de carinho e histórias durante nossa ausência.
Na cozinha, coloco uma xícara de chá diante dele. Ele nem se move.
— Eduardo. Olha pra mim.
Ele ergue os olhos, perdidos.
— E se ela nunca tivesse morrido? E se tudo fosse um plano?
Arregalo os olhos. Assustada com o que acabei de ouvir. Como uma mulher abandonaria o filho recém nascido e um casamento aparentemente perfeito, assim do nada? Isso é loucura!
— Um plano? De quem? Por quê? — pergunto, ainda incrédula
— Não sei. Mas uma mulher não reaparece depois de mais de um ano como se nada tivesse acontecido. Isso foi planejado. Calculado.
— E o corpo no hospital? Os exames? O velório?
— E se alguém tivesse ajudado ela a sumir?
A ideia é absurda, mas nada mais parece impossível.
Ele apoia o rosto nas mãos.
— Isso vai destruir tudo.