SOFIA
Na semana seguinte, recebo uma ligação que me faz gelar por dentro.
Isabella.
— Podemos conversar? Sozinhas?
A voz dela soa estranhamente mansa, mas minha pulsação acelera. A primeira vontade é desligar, sumir daquela ligação como se nunca tivesse acontecido. Mas algo dentro de mim — talvez um instinto de proteção, talvez curiosidade — me impede.
Marcamos num café discreto, afastado de qualquer olhar conhecido. Um lugar neutro, onde memórias não pesam, mas a tensão respira no ar.
Ela chega pontual. Sem maquiagem, cabelos presos num coque apressado, roupas sóbrias. Parece mais humana. Ou talvez só mais frágil. E ainda assim, minha guarda permanece alta. Cada passo dela em minha direção me faz apertar os dedos ao redor da xícara quente que tenho nas mãos.
— Antes de qualquer coisa — começo, minha voz firme como consigo —, se for pra me ameaçar, provocar ou mentir, essa conversa termina agora.
Ela baixa os olhos, como se minha dureza não a surpreendesse.
— Não... não é iss