EDUARDO
As visitas se repetem por duas semanas. Como um relógio bem ajustado, Isabella chega pontualmente, sempre com um sorriso estudado no rosto e as mãos cheias — de presentes, doces, brinquedos coloridos e palavras cuidadosamente escolhidas. A cada vez, ela parece mais à vontade. E eu, cada vez mais desconfortável.
Ela conta histórias falsas para Enzo. Diz que esteve viajando por muito tempo, explorando lugares distantes. Que sentiu saudade dele todos os dias. Que agora voltou para ficar “bem pertinho”. Como se nunca tivesse sumido. Como se não tivesse deixado um vazio gigante para trás.
Cada mentira que ela solta diante do meu filho é como um tapa no rosto. A raiva cresce, uma chama silenciosa queimando dentro de mim, difícil de apagar.
— Isso é alienação parental, Sofia — digo, cerrando os punhos, sentindo o sangue ferver. — Ela está manipulando ele.
Sofia, sempre mais centrada do que eu, balança a cabeça, embora eu veja a tensão em sua mandíbula.
— Eu sei. E vamos registrar tud