Minha tia Clarice, que viera do interior para assistir à cerimônia, nunca aprovara aquele casamento. Ela o chamava de “meu Mohamed”, o homem-bomba, prestes a explodir. Eu costumava rir, achando graça da comparação, mas no fundo eu sabia: havia uma força em Zahir, uma impetuosidade que eu ainda não compreendia.A lua de mel foi perfeita. Uma semana nas margens do Nilo, entre templos milenares e mercados que pareciam saídos de um sonho. Ficamos no melhor hotel do Cairo, e cada noite parecia um capítulo de uma história antiga, vivida e revivida em nossos corpos e promessas.Zahir se mostrava o marido ideal. Atencioso, protetor, generoso. Contava-me histórias sobre os faraós, sobre o deserto, sobre as caravanas e as antigas rotas de comércio, e eu o ouvia fascinada.Mas, ao retornar, a magia começou a se desfazer.Descobri, com surpresa e desconforto, que iríamos morar com minha sogra — algo que ele jamais havia mencionado antes do casamento. Disse-me que seria apenas por um tempo, “até q
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