Suspirei e mexi a sopinha de Vitor, ainda quente na panela. O cheiro se espalhou pela cozinha, trazendo uma sensação de lar. Mesmo com todas as dores, eu havia construído algo bonito ali — pequeno, modesto, mas real.Júlio, com seu jeito gentil, continuava me ajudando sempre que podia. Quando chovia, ele fazia questão de me trazer para casa. Tinha uma picape antiga, onde colocava minha bicicleta na parte de trás. Às vezes, eu estava tão cansada que chegava a pedir a Deus que chovesse — só para não precisar pedalar na volta. Eu sabia que ele passaria para me buscar, sempre pontual, com aquele sorriso de quem fingia não esperar nada em troca, mas no fundo esperava.A casa dele ficava fora do caminho, mas ele sempre dizia, brincando, que ser o bom samaritano fazia bem para o coração. E eu sabia que, por trás da leveza das palavras, havia algo mais. Júlio gostava de mim. Eu via isso nos olhares demorados, nas hesitações, nas pequenas gentilezas.Um dia, ele tentou me beijar. O gesto foi r
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