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A casa da tia Clarice cheirava a pão quente e a remédio de vó

A casa da tia Clarice cheirava a pão quente e a remédio de vó — cheiros que, naquele primeiro instante, me deram um estranho consolo. Clarice me recebeu com o calor simples de quem não complica o afeto: um abraço forte, mãos ásperas de trabalho e a promessa de um quarto só meu. A cidade pequena parecia suspensa no tempo; as janelas dos vizinhos lançavam luzes amareladas e os passos soavam diferente, mais lentos, mais humanos.

Hoje, Vitor tem um ano e seis meses. Zahir e eu estamos afastados há dois anos e quatro meses.

O tempo, que eu imaginara capaz de apagar, apenas colocou distância. Mas não curou. Em silêncio, fui tecido de lembranças e cuidados: horas de sono interrompido, mamadeiras à noite, fraldas trocadas com mãos já calejadas, e a alegria singela de vê-lo crescer. Ele foi chegando e, junto com ele, uma rotina que passou a exigir todo o meu corpo e metade do meu coração.

Eu sabia que precisava resolver minha situação — contratar um advogado e pedir a separação. Já tinha tudo
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