Inicio / Urbano / Fugi grávida do meu Marido / Eu sabia, naquele instante, que a verdade que viria a seguir mudaria tudo.
Eu sabia, naquele instante, que a verdade que viria a seguir mudaria tudo.

A senhora Ayman, ainda sentada no grande sofá florido, sustentou meu olhar por um instante, como se buscasse avaliar até onde eu ousaria ir. A rigidez de seu corpo traía o desconforto. Bashir desviou o olhar, respirou fundo e correu os olhos por mim, sem saber como agir.

Fechei a porta atrás de mim com firmeza. O estalo ecoou na sala silenciosa.

— Eu quero a verdade. — repeti, e o som da minha voz soou mais firme do que eu esperava.

O silêncio que se seguiu foi sufocante. A lareira estalou, e o cheiro leve de madeira queimada se espalhou. A tensão entre nós parecia viva, como uma presença invisível pairando no ar.

Depois de longos segundos, Bashir quebrou o silêncio. A voz dele saiu grave, controlada:

— Sente-se, Sophia. — Disse, apontando o sofá oposto ao da mãe.

Eu hesitei por um momento, o coração martelando. Cada músculo do meu corpo pedia para correr, mas minha dignidade me forçava a ficar. Caminhei até o sofá e me sentei, mantendo a cabeça erguida.

A senhora Ayman desviou o olhar, e por um breve instante, percebi nela algo que nunca havia visto antes — talvez culpa, talvez apenas incômodo. Bashir se aproximou, passou uma das mãos pela cicatriz em sua face, um gesto inconsciente, como se tocasse a própria dor.

Sentou-se ao lado da mãe, mas o olhar dele era só meu. E nele, havia algo diferente — uma mistura de compaixão, remorso e pena.

Eu sabia, naquele instante, que a verdade que viria a seguir mudaria tudo.

Com o coração batendo forte, eu respirava como quem acaba de correr, tentando controlar a avalanche de emoções que me tomava por dentro. Encarei os dois — mãe e filho — e, sem desviar o olhar, sentei-me no sofá em frente à senhora Ayman. Minhas mãos estavam frias, mas meu peito queimava.

Os olhos de Bashir correram até a mãe, que ainda parecia atônita, como se não tivesse se recuperado do choque da minha entrada repentina. Ele, por outro lado, tinha a expressão de quem estava prestes a tomar uma decisão difícil, algo que o consumia por dentro.

Com um movimento contido, Bashir sentou-se ao lado dela, de frente para mim. Por um momento, levou a mão ao rosto, tocando a cicatriz na face — um gesto breve, mas cheio de significado. Seus olhos me estudavam com atenção, como se procurasse as palavras certas.

Eu não suportava mais aquele silêncio opressor. Cada segundo parecia se alongar como uma tortura. Por fim, explodi:

— Por que vocês afirmam que Zahir se casou comigo por algum motivo sórdido? Um casamento sem amor?

A pergunta saiu em tom firme, mas carregada de dor.

Bashir desviou o olhar, e notei o esforço que fazia para manter o controle. O rosto dele, habitualmente impassível, trazia agora uma expressão de tristeza sincera. Quando falou, sua voz soou abafada, como se lhe custasse admitir aquilo:

— Não queríamos que você soubesse dessa forma...

Havia uma sombra em seus olhos, um lamento silencioso. A transformação dele me desarmou. O homem que sempre fora tão centrado, de semblante frio e contido, agora se mostrava fragilizado, humano. E quando percebi a dor refletida em seu olhar, soube que tudo o que ouvira até aquele momento era verdade.

Meu marido havia se casado comigo por impulso — não por amor.

Zahir amava outra mulher.

Senti as lágrimas deslizarem por meu rosto antes mesmo de perceber que estava chorando. A senhora Ayman me olhou com expressão doce, quase maternal, e sua voz, pela primeira vez, veio suave:

— Filha… nunca tivemos nada contra você. — Ela fez uma pausa, suspirando. — Mas diga-me, como uma mãe pode aceitar que uma união tão sagrada quanto o casamento tenha nascido de qualquer coisa que não seja o amor?

Enxuguei as lágrimas com raiva, movida mais pelo orgulho ferido do que pelo consolo. Levantei o queixo e olhei para ambos, sentindo a indignação queimar dentro de mim.

— Parem, por favor! — pedi, a voz embargada. — Vocês podem me dizer por que afirmam isso com tanta certeza?

Bashir respirou fundo, o olhar sério, a voz cortante:

— Meu irmão estava noivo de uma moça, Raifa. — disse, devagar, como quem desmonta uma lembrança dolorosa. — Um dia, ele saiu mais cedo do trabalho e foi até a casa dela. Quando estacionava, viu Raifa chegando acompanhada… e o rapaz que a levava a beijou nos lábios.

As palavras dele me atravessaram. Eu prendia o ar, o coração em desespero.

— Quando ela desceu do carro, Zahir a confrontou e terminou o noivado ali mesmo — continuou Bashir, com o semblante pesado.

A senhora Ayman o interrompeu, retomando a história com a voz firme e o olhar distante:

— Raifa o procurou, ficou ligando sem parar. Eu estava presente quando ele falou ao telefone com ela. Ouvi meu filho dizer: “esqueça-me, Raifa. Eu posso me casar com a primeira mulher que cruzar meu caminho, mas nunca mais me casarei com você.”

Ela me fitou, tristemente.

— Eu pensei que fosse apenas uma frase dita no calor da raiva. Mas não passou um mês… e você surgiu. E em três meses, Zahir nos anunciou o casamento.

Ela suspirou fundo, e sua voz se tornou grave, quase resignada:

— Desculpe, mas meu filho nunca me convenceu. Eu o conheço melhor do que ele imagina. Zahir tem a mente e o temperamento de um homem árabe — orgulhoso, intenso, impetuoso. O que Raifa fez é imperdoável para ele. Eles se conheciam desde a adolescência, cresceram juntos. Eu sei o quanto ele a amava. Por isso, acreditamos que o casamento com você foi uma decisão intempestiva.

A cada palavra, eu sentia algo dentro de mim se despedaçar.

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