Capitulo 07

Meu corpo ainda estava em chamas pelo quase beijo dele. A promessa silenciosa, o cheiro dele. O ar na cobertura estava elétrico, denso, pesado. Eu podia sentir o suor frio escorrendo pela minha nuca, misturando-se com o calor que irradiava de mim.

A caneta de ouro maciço brilhava sobre o contrato, um objeto minúsculo que tinha o poder de mudar minha vida. Ou acabar com ela.

Eu andei até a mesa de centro, meus pés quase falhando. A mesa de vidro era como um espelho escuro, refletindo meu rosto tenso e a expressão impassível de Peter. Ele estava parado do outro lado, as mãos nos bolsos da calça social, os olhos cinzentos presos em mim, como um predador observando sua presa antes do bote final.

"Whisky?", a voz dele cortou o silêncio, mais um convite que uma pergunta.

Eu não bebia whisky. Não em momentos de desespero. Mas hoje... hoje eu não sabia o que era desespero e o que era a porra de um pesadelo excitante. "Por favor", eu disse, a voz rouca.

Ele pegou uma garrafa de cristal e dois copos pesados. O líquido âmbar desceu suavemente. O gesto era elegante, quase íntimo. Ele me estendeu um copo. Nossos dedos se roçaram. A eletricidade entre nós era tão forte que eu jurei ter sentido um choque.

Peguei o contrato. O couro preto era frio e macio sob meus dedos. Abri na primeira página, meus olhos varrendo as palavras, enquanto o cheiro amadeirado do whisky e o perfume dele me inebriavam. Era tudo real. Não um pesadelo.

"O que diabos é isso?", perguntei, sentindo meu estômago se revirar ao ler a primeira linha. Contrato de Exclusividade e Prestação de Serviços Pessoais.

Ele deu um gole no whisky, o olhar fixo em mim. "É o nosso acordo, Alice. Sua salvação. Meu prazer."

Meus olhos voaram para a primeira cláusula.

Cláusula 1.1: Disponibilidade Integral. "A contratada, Alice Vitali, concorda em residir na propriedade do contratante, Peter Blackwood, durante o período de um ano, garantindo sua disponibilidade total e irrestrita para qualquer necessidade ou solicitação do contratante."

Eu bufei. "Disponibilidade total? Isso significa que eu sou sua babá 24 horas por dia ou seu bicho de estimação?"

Peter se inclinou na minha direção, o sorriso dele um inferno particular. "Significa que, se eu precisar de você às três da manhã para discutir uma obra de arte ou para outra coisa, você estará lá. Pronta. Disposta."

O ar entre nós ficou mais denso, quase sufocante. Minhas bochechas queimaram com a implicação.

Passei para a próxima.

Cláusula 2.3: Ausência de Contato Externo. "Qualquer comunicação da contratada com terceiros (amigos, familiares, conhecidos) deverá ser previamente aprovada e mediada pelo contratante. O uso de dispositivos eletrônicos pessoais será restrito e monitorado."

Eu larguei o copo na mesa com um baque. O whisky balançou. "Você vai confiscar meu celular? Controlar com quem eu falo? Você é louco? Eu tenho uma mãe doente!"

"Sua mãe terá os melhores tratamentos médicos do mundo", Peter disse, sua voz calma, irritantemente controlada. "E você terá acesso a ela sob minha supervisão. Não é uma punição, Alice. É uma proteção. Para você. Para mim. Para o nosso... acordo."

Ele se aproximou, e eu senti o cheiro do whisky dele misturado ao perfume da pele dele. Meu corpo reagiu com um arrepio. "E para garantir que você não use a 'liberdade' para me trair."

"Trair você? Eu nem te conheço!"

"Ainda não", ele sussurrou, e o significado era mais profundo e sujo do que eu queria admitir.

Minha mão tremeu ao virar a página.

Cláusula 3.2: Companhia Exclusiva. "A contratada deverá acompanhar o contratante em todos os compromissos sociais, viagens e eventos públicos, desempenhando o papel que lhe for designado (parceira, noiva, etc.), mantendo a imagem e o comportamento que o contratante julgar apropriados."

"Então eu sou sua acompanhante de luxo?", perguntei, o sarcasmo escorrendo da minha voz. "Seu troféu para mostrar por aí?"

Ele se encostou na mesa, bem na minha frente. Seu olhar desceu pelos meus ombros, pelo decote do vestido, parando na minha tatuagem de anime nas costas, que estava mais exposta agora.

"Minha 'acompanhante' terá um propósito muito mais... íntimo. E sim, você será o meu troféu mais valioso, Alice. A que todos vão desejar, mas ninguém poderá ter. Exceto eu."

Meu corpo inteiro vibrou. Eu senti um calor úmido se espalhando entre as minhas pernas, uma resposta instintiva e humilhante às palavras dele.

Então meus olhos bateram na cláusula final, quase escondida nas letras miúdas.

Cláusula 4.1: Condições de Moradia. "A contratada deverá estar presente no quarto principal do contratante às 22h todas as noites, vestindo apenas o traje que lhe for fornecido para a noite."

O ar fugiu dos meus pulmões. O whisky no meu copo balançou, ameaçando derramar. Essa era a linha. A linha que o tirava do "magnata excêntrico" e o jogava no "predador sexual".

"O que... o que é isso?", mal consegui falar.

Peter tomou um gole longo de whisky, os olhos fixos nos meus, devorando a minha reação. O sorriso dele era lento, perverso.

"É o que você acha que é, Alice", ele disse, a voz baixa, um veludo áspero. "É a garantia de que não haverá dúvidas sobre quem está no controle. E é a promessa de que você aprenderá a gostar de cada segundo."

Eu olhei para ele, para a beleza cruel, para a certeza em seus olhos. A raiva se misturava com um desejo tão intenso que me assustava.

"Como... como você sabia de tudo isso?", perguntei, a pergunta que martelava desde o início. "Como você já tinha um contrato pronto, com o meu nome? Por que eu? Por que diabos você quer isso de mim?"

Ele se inclinou, seus olhos cinzentos faiscando com um fogo sombrio. Ele estendeu a mão e tocou minha mandíbula, o polegar roçando minha pele. O toque foi leve, mas queimou.

"Porque eu não te vi hoje à noite pela primeira vez, Alice", ele sussurrou, a voz carregada de uma intimidade que me fez arrepiar. "Eu te vi há meses. Vi sua arte. Vi sua luta. Vi seu fogo. E eu decidi, naquela hora, que você seria minha."

Seu olhar desceu para a minha boca, e dessa vez, não houve hesitação. Ele se inclinou, e meus lábios se abriram em antecipação. O desejo era um grito silencioso dentro de mim.

Ele me beijou.

Não foi um beijo suave. Foi um assalto. Sua boca se chocou contra a minha com uma urgência brutal, possessiva. Seus lábios eram macios e firmes, exigindo uma resposta que meu corpo traidor estava mais do que disposto a dar.

A mão que segurava meu rosto subiu para o meu cabelo, seus dedos se emaranhando nos meus fios, puxando levemente minha cabeça para trás, expondo meu pescoço. Minha outra mão, instintivamente, agarrou a lapela do seu terno, amassando o tecido caro.

A língua dele invadiu minha boca, explorando, dominando. O sabor de whisky e Peter me encheu, me inebriou. Eu estava me afogando e implorando por mais. Minha mente gritava "pare!", mas meu corpo... meu corpo gemia e se curvava na direção dele, cedendo.

Ele se afastou, seus olhos fixos nos meus, ofegantes, os lábios vermelhos e inchados pelo beijo.

"Agora você sabe por que, Alice", ele sussurrou, a voz rouca, cheia de um triunfo perigoso. "Porque eu quero você. E eu sempre consigo o que eu quero."

Ele apontou para o contrato. A caneta de ouro.

"Assine."

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP